Contrariamente ao que a família e a sociedade esperariam, a rainha de Inglaterra casou por amor. Foi há 70 anos que a então tímida princesa de apenas 21 anos subiu ao altar da Abadia de Westminster, em Londres, para protagonizar uma cerimónia transmitida pela rádio e escutada por cerca de 200 milhões de pessoas. O casamento entre Isabel e Filipe celebra, esta segunda-feira, sete décadas. É o mais longo da monarquia britânica, pelo que não é de estranhar que a rainha tenha sobrevivido a seis das suas oito damas de honor — entre elas a já falecida princesa Margarida.

Isabel e Filipe, o atual duque de Edimburgo, eram primos afastados e conheceram-se quando ela tinha apenas 13 anos — há três anos que Isabel se tinha tornado a herdeira ao trono, depois de o tio Eduardo ter abdicado de ser rei. Se foi amor à primeira vista só eles saberão, mas a ligação haveria de prevalecer durante a adolescência de Isabel, muito embora a família real viesse a opor-se à eventual união. Não era particularmente difícil de perceber o porquê: não só Filipe era estrangeiro, como não tinha uma posição financeira favorável ou qualquer reino sobre o qual governar (nascera na Grécia, era membro das famílias reais grega e dinamarquesa, mas apenas tinha o título de príncipe); mais, as irmãs dele estavam casadas com nazis e não foram convidadas para o casamento real.

O casamento aconteceu quatro meses após o anúncio público do noivado e arrancou nas primeiras horas do dia 20 de novembro de 1947: eram 10h30 quando a mulher que viria a ser rainha dentro de seis anos desfilou num vestido feito de seda de marfim e decorado com cristais e 10 mil pérolas. À data, na sequência da segunda guerra mundial, Isabel teve de pagar o vestido com cupões de racionamento. De referir ainda que o vestido de corte simples e corpete ajustado tinha um decote em forma de coração, tal como se na página oficial da monarquia britânica.

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A rainha foi o décimo membro da família real britânica a casar-se na abadia de Webminster– a última cerimónia associada à realeza aconteceu ali em abril de 2011, quando o neto William contraiu matrimónio com Kate Middleton. Entre os 2 mil convidados para a cerimónia de Isabel e Filipe estavam o rei do Iraque, bem como os príncipes da Holanda.

Ao todo, a grandiosa cerimónia contou com 91 cantores, uma vez que se assistiu à junção de três coros diferentes. Entre as mãos, a rainha levou um bouquet de orquídeas brancas e ramos de murta, uma tradição começada pela rainha Vitória. O casal chegou a receber mais de 2.500 presentes vindos de todo o mundo, bem como cerca de 10.000 telegramas de congratulações. Até Mahatma Gandhi envidou um presente: uma peça de renda de algodão que ele mesmo tecera, com a inscrição bem clara “Jai Hind” (“Vitória para a Índia), em português.

Apesar dos muitos rumores que dão conta de eventuais traições de Filipe, a rainha sempre se mostrou fiel e dedicada ao marido. Há pouco tempo o The Daily Mail escrevia que ainda hoje a opinião do duque de Edimburgo é tida como crucial para a rainha, uma vez que o marido é descrito como invariavelmente honesto com a mulher, além de ser, muito provavelmente, das poucas pessoas que a tratam como um ser humano normal. Para a história fica o discurso da rainha em 2007: “O meu marido tem pura e simplesmente sido a minha força durante todos estes anos e eu devo-lhe uma dívida maior do que aquela que ele alguma vez vai exigir”. Filipe retirou-se este ano oficialmente da vida pública.