O presidente do segundo partido timorense, Xanana Gusmão, apelou esta terça-feira ao chefe de Estado para que encontre uma solução política para o país que respeite a Constituição, afirmando que os líderes políticos estão preparados para assumir a sua responsabilidade.
“Nós, líderes dos partidos, estamos prontos para lidar com a situação difícil. Nós, os líderes dos partidos políticos sentimos grande responsabilidade de nos preparar para resolver a situação e esta crise política, a bem do povo”, afirmou o líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
A competência para resolver esta situação está com o Presidente da República, doutor Francisco Guterres Lu-Olo. Eu espero que se cumpra a Constituição e daremos todo o apoio para que se cumpra a constituição, que é o garante do Estado e da nação”, disse, na declaração transmitida pela televisão pública timorense, a RTTL.
Xanana Gusmão falava em Singapura ladeado pelos líderes dos outros dois partidos da oposição, Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP), e José dos Santos Naimori, líder do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
Este foi o primeiro encontro com registo de imagens dos líderes dos três partidos que estão aliados e que querem ser alternativa de Governo. Fonte que testemunhou o encontro explicou à Lusa que Matan Ruak e Naimori viajaram de Timor-Leste no sábado para Singapura, onde já estava Xanana Gusmão que participou esta semana em mais uma ronda negocial sobre as fronteiras marítimas com a Austrália.
Os três líderes tinham sido mandatados pelos respetivos partidos para negociar a formação de uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) como alternativa ao Governo minoritário apoiado pela coligação da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e do Partido Democrático (PD).
Um outro vídeo do encontro, cedido à Lusa, mostra um abraço emocionado dos três líderes políticos.
O anúncio da coligação de oposição tem causado surpresa, quer pelo facto de Xanana Gusmão ter repetidamente garantido que o partido não faria parte de qualquer coligação de Governo, quer pela tensão que tem marcado a relação entre Xanana Gusmão (presidente do CNRT) e Taur Matan Ruak, depois de este ter comparado o líder histórico ao ditador indonésio Suharto. Depois desse discurso, Xanana Gusmão chegou mesmo a devolver ao chefe de Estado uma medalha que lhe foi concedida por serviços à nação.
A campanha do PLP para as eleições legislativas ficou ainda marcada pela forte contestação à governação e políticas do CNRT, em particular no que toca às prioridades, com críticas à aposta em grandes projetos.
Não há outra informação sobre a reunião ou sobre as decisões que saíram do encontro, que decorreu num momento de grande tensão política com a oposição a apresentar uma moção de censura ao Governo, que poderá ser votada já esta semana.
O Governo minoritário é apoiado pelos 23 deputados da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e pelos sete do Partido Democrático (PD) e viu, no passado dia 19, o seu programa chumbado por uma moção de rejeição.
Descontente com o facto de o Governo não ter apresentado ainda o programa, a oposição leu uma declaração política na sessão plenária de segunda-feira em que anunciou uma moção de censura ao Governo.
Os três partidos da oposição tinham anunciado já que iam formar uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) que se oferecia como alternativa de governação no caso da queda do Governo, tendo os partidos mandatado os seus líderes para negociar formalmente esse acordo.
Se a moção de censura for aprovada, o Governo é demitido e o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, tem que escolher entre uma nova solução governativa no atual cenário parlamentar ou convocar eleições antecipadas.