Um submarino é, por si só, difícil de detetar. É suposto ser uma arma invisível. É um navio especializado para operar submerso e tem características como a cor e as dimensões que fazem com que seja difícil de encontrar. “É uma arma discreta”, abrevia o comandante Taveira Pinto, diretor técnico-pedagógico do Centro de Instrução de Submarinos e contacto nacional para os organismos internacionais de salvamento de submarinos, em declarações ao Observador.
O submarino argentino San Juan desapareceu há exatamente uma semana. Às 7h30 locais (10h30 em Lisboa) do dia 15 de novembro, a embarcação fez último contacto com a base a reportar uma avaria elétrica. Havia 44 marinheiros a bordo, com condições para sobreviver pelo menos ao longo de sete dias dentro do navio.
No caso nacional, aos primeiros alarmes, a Marinha iria em força para a área, o mais rapidamente possível para cobrir a área”, garante o comandante Taveira Pinto ao Observador.
O procedimento para estes casos é padrão. A forma como são adotados pode variar. O comandante alerta que “muitos destes problemas advém da falta de investimentos, não só na manutenção, mas também no treino dos procedimentos”. Mas que procedimentos são esses?
Da “pesquisa visual” ao “varrimento de fundo”, como se fosse uma guerra
Demore o tempo que demorar, o primeiro passo é enviar navios para a área onde se tem a última referência de localização do submarino, para fazer “pesquisa visual”. Os meios aéreos também são enviados para “cobrir maior áreas em menor período de tempo”, explica o comandante ao Observador, acrescentando que estes são as medidas tomadas que permitem encontrar um submarino, caso esteja à superfície.
Este es el avión C130 de @CanalOficialFAA operando desde la Base Aeronaval Almirante Zar #Trelew en el marco de las tareas de búsqueda del #SubmarinoARASanJuan #Gracias pic.twitter.com/MouCXnCXmm
— Armada Argentina (@Armada_Arg) November 22, 2017
Se o submarino não estiver à superfície, os procedimentos são diferentes As duas hipóteses estão em cima da mesa pelo que as medidas para ambos os casos — de navio submerso ou à superfície — são consideradas em simultâneo. “É nesta fase que nos encontramos”, disse o comandante ao Observador.
São enviados navios com capacidade de utilização de sonares ativos — equipamentos que emitem ondas sonoras e que são capazes de receber o eco dessas ondas — que permite estabelecer comunicações com submarinos, caso existam, através de “telefones submarinos, que funcionam debaixo de água”. São também enviados para a área de buscas navios hidrográficos com equipamentos para sondar o fundo do mar, fazer um “varrimento do fundo”, a fim de detetar o submarino. São “as mesmas técnicas como se fosse uma guerra”, comparou o comandante ao Observador.
Mau tempo dificulta procura “no horizonte” e cria “ruído de ambiente”
Há nove países a auxiliar a Argentina, através do envio de aviões e navios. Mas as condições meteorológicas estão a dificultar as operações: vento muito forte e ondas que atingem os seis metros de altura. A marinha argentina publicou um vídeo que mostram essas condições.
#AYER Compartimos con ustedes más imágenes sobre el temporal que están capeando las unidades afectadas al operativo de búsqueda y rescate del #SubmarinoARASanJuan pic.twitter.com/qRKZWgdD7o
— Armada Argentina (@Armada_Arg) November 20, 2017
A partir de terça-feira, esperam-se melhores condições meteorológicas. Com bom ou mau tempo, Enrique Balbi, porta-voz da marinha argentina, garantiu à BBC que estão a considerar “todas as possibilidades” para encontrar a embarcação. “Uma operação de pesquisa massiva vai continuar até que o submarino seja localizado”, disse ainda.
O mau tempo “piora muito” as buscas, explica o comandante Taveira Pinto, ao Observador. Para quem está a bordo, quer de navios, quer de aviões, com binóculos a tentar “procurar no horizonte” o submarino, tem uma dificuldade acrescida já que “tem que estar agarrado”. A própria agitação do mar cria “ruído de ambiente” que vai dificultar as buscas e as comunicação. As condições meteorológicas podem ainda mover o submarino, caso esteja à superfície, dificultando as buscas. “Se estiver a meia-água, acaba por ir com as correntes mas não a velocidade muito elevada. Se estiver no fundo, é difícil”, disse o comandante ao Observador.
O que têm de fazer os marinheiros do submarino argentino para sobreviver?
A área de buscas foi reduzida a 20 quilómetros quadrados, noticia a BBC. O comandante Taveira Pinto explicou ao Observador que as buscas começam “sempre numa área maior”. “Com os dados que vamos obtendo, vamos reduzido a zona de buscas. Podem haver indícios que levem à redução da área”, acrescentou. Ou, até mesmo, que volte a ser ampliando ou mudando de localização. “Vai sendo ajustado”, disse o comandante.