O Eurogrupo confirmou esta quinta-feira que há quarto candidatos à presidência deste grupo informal. Para além de Mário Centeno, concorrem ainda o eslovaco Peter Kazimir, o luxemburguês Pierre Gramegna e a letã Dana Reizniece-Ozola.

Os nomes já se sabem há vários dias, mas a confirmação chegou esta quinta-feira, já depois de apresentadas as candidaturas.

Mário Centeno terá mesmo de disputar o cargo com mais três ministros das Finanças, um socialistas e dois de centro-direita.

No entanto, Mário Centeno parte como favorito por ter conseguido reunir um grande número de apoios, entre eles os das quatro maiores economias da zona euro: Alemanha, França, Itália e Espanha.

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Mário Centeno e a equipa das Finanças têm sondado os ministros das Finanças dos países do euro em busca de apoio, mas até à semana passada os únicos apoios garantidos que tinham era mesmo de Chipre e Grécia. A Grécia tem sido um apoio desde o primeiro momento, e os dois ministros gozam de boas relações.

A mudança que viria a catapultar Centeno para a quase certeza de uma candidatura aconteceu no final da semana passada, quando o Governo português teve a indicação que não só o francês Bruno Le Maire não avançaria, como Pier-Carlo Padoan, o ministro italiano e favorito ao lugar, não seria candidato.

Pier-Carlo Padoan, um dos mais respeitados ministros das Finanças dentro do grupo – à esquerda e à direita – tinha contra si as eleições que se avizinham em Itália e o facto de haver já três italianos nos principais cargos europeus: o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani; a Alta Representante para os Negócios Externos, Federica Mogherini; e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

Mário Centeno estava na expetativa sobre a decisão do italiano e, caso Padoan fosse candidato, a esquerda unir-se-ia à sua volta, incluindo o ministro português que não avançaria para o cargo. Com a saída de Padoan, tudo se tornou mais fácil.

O acordo que permitiria a Centeno avançar com a confiança de que deve ser eleito foi fechado em Abidjan, na Costa do Marfim, onde António Costa conversou com Angela Merkel, soube o Observador junto de várias fontes com conhecimento desta conversa.

O primeiro-ministro aproveitou a cimeira União Europeia/União Africana que decorre na Costa do Marfim até esta quinta-feira para fechar os apoios decisivos. Mário Centeno tem agora do seu lado as maiores economias da zona euro, que são também líderes dos blocos mais importantes dentro do Eurogrupo.

Houve outra decisão que abriu caminho à candidatura de Mário Centeno: o Partido Popular Europeu (PPE) não ter indicado um candidato.

A família política com maior representação entre os governos da zona euro decidiu não apoiar ninguém, em parte porque todos os cargos de topo na Europa serem exercidos por membros desta família política, deixando ‘órfãos’ dois dos candidatos ao cargo.

Ainda assim avançaram três ministros na esperança de conseguirem chegar ao cargo máximo do Eurogrupo: o eslovaco Peter Kazimir, o luxemburguês Pierre Gramegna e a letã Dana Reizniece-Ozola.

Peter Kazimir, da Eslováquia, faz parte da família socialista e tem tentado obter apoios por essa via, mas as suas posições ortodoxas durante os últimos anos, em especial na questão grega, não lhe garantiram muitos amigos à esquerda. Kazimir seria mais uma hipótese se tivesse o apoio da direita, mas o seu estilo pouco diplomático não é visto com bons olhos em Bruxelas.

Pierre Gramegna era apontado como o wild-card com mais hipóteses. O ministro do Luxemburgo é de centro-direita e tem tido uma abordagem mais ponderada nas suas intervenções nos principais debates da zona euro. Seria um nome mais consensual e, sem garantia de maioria, era o nome que Portugal mais temia, pelo histórico das decisões tomadas no Eurogrupo. O luxemburguês não conseguiu o apoio da direita, nem de países com expressão relevante, mas decidiu avançar na mesma com uma candidatura.

Dana Reizniece-Ozola, da Letónia, é a que tem menos hipóteses entre os quatro. Não tem apoio da direita, não tem apoio dos países e não tem histórico no Eurogrupo. A letã traz consigo a ambição de um país de leste ter pela primeira vez um cargo de relevo na Europa, algo que começa a ser reclamado, mas também o eslovaco Peter Kazimir usa a mesma carta.

Como será a eleição?

Para serem eleitos, os ministros necessitam de conseguir uma maioria simples, que neste caso são 10 votos em 19 ministros. No final da primeira ronda, os candidatos serão informados do número de votos que receberam e podem retirar a sua candidatura, se assim entenderem.

Os ministros farão nova ronda de votações até que seja atingida uma maioria. O vencedor será anunciado após a votação terminar e será apresentado na conferência de imprensa que se seguirá imediatamente a seguir à eleição.

O vencedor assumirá as rédeas do Eurogrupo a partir do dia 13 de janeiro, data em que termina o mandato de Jeroen Dijsselbloem, e permanecerá no cargo durante dois anos e meio.