E lá voltamos nós à teoria do copo meio cheio e meio vazio. Se havia equipa que todos os cabeças-de-série queriam evitar no pote 2 era a Espanha – e calhou-nos a Espanha. Se havia equipa que nenhum dos cabeças-de-série se importava de encontrar no pote 3 era o Irão – e calhou-nos o Irão. Depois, as hipóteses não eram muitas e teria de sair um conjunto africano ou norte-americano – e calhou-nos Marrocos. Grande culpada? A Polónia.

A FIFA voltou a organizar os potes em função do ranking atual e, durante e depois da qualificação, o conjunto polaco foi jogando com os pontos para acabar nos primeiros sete lugares antes de fecharem as classificações (a Rússia, como anfitriã, ficaria sempre no pote 1 apesar de ter o pior ranking de todos). Quem mais se prejudicou com isso foi a Espanha, que falou em “gestão habilidosa” e “vazio legislativo” para evitar este tipo de situações; agora, Espanha e Portugal. E no dia 15 de junho, Sochi irá receber o duelo ibérico, naquele que será um dos melhores jogos da fase de grupos do Mundial de 2018.

Contas feitas, a Polónia fez apenas um jogo particular entre o final do Campeonato da Europa de 2016 e o fecho das contas dos cabeças-de-série, empatando com a Eslovénia (1-1). Ao contrário de Portugal, que mesmo fazendo a Taça das Confederações este ano disputou três particulares (Gibraltar, 5-0; Suécia, 2-3; e Chipre, 4-0), e da Espanha, que jogou quatro (Bélgica, 2-0; Inglaterra, 2-2; França, 2-0; Colômbia, 2-2). Para o ranking, tudo isto conta.

Cristiano Ronaldo com Capdevilla e David Villa no Portugal-Espanha do Mundial de 2010 (KARIM JAAFAR/AFP/Getty Images)

Em termos globais, a Seleção venceu apenas seis jogos entre os 35 disputados, contra 16 triunfos espanhóis e 13 empates. Se olharmos apenas para fases finais do Campeonato do Mundo, nuestros hermanos, orientados pelo ex-treinador portista Julen Lopetegui, ganharam o único duelo nos oitavos-de-final de 2010, quando o técnico português era… Carlos Queiroz. E o que podemos dizer da Espanha atual? Que é uma das favoritas ao triunfo final na Rússia, que superou facilmente a qualificação mesmo tendo a Itália no grupo e que está a ser reforçada por uma nova geração que se sagrou no ano passado campeã europeia Sub-21 com Asensio e companhia.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E por falar em Queiroz (que foi treinador do Real Madrid), o Irão é outro dos adversários de Portugal na fase de grupos, neste caso a fechar, no dia 25, em Saransk. E tudo, de novo, por causa da Polónia: caso não tivesse apanhado uma equipa europeia do pote 2, como aconteceu, teria encontrado a Dinamarca. Apesar de ser um adversário teoricamente acessível, e que a Seleção Nacional já venceu na fase final do Mundial de 2006 (2-0, com golos de Deco e Cristiano Ronaldo), o conjunto asiático mostrou ter uma defesa forte onde assenta o resto da equipa, como se viu sobretudo na terceira fase de qualificação. E ainda há Marrocos, os Leões do Atlas que encontram Portugal no dia 20, em Moscovo, depois de um aceso duelo com a Costa do Marfim na qualificação. Com Hervé Renard ao comando, os africanos melhoraram. E muito.

O BI dos adversários de Portugal no grupo B em sete pontos

ESPANHA
Alcunha: La Roja (A Vermelha)
Participações no Mundial e melhor classificação: 14.ª participação (campeã em 2010)
Qualificação (Europa): 1.º lugar no grupo G com 28 pontos em 10 jogos (Liechtenstein, 8-0 em casa e 8-0 fora; Itália, 1-1 fora e 3-0 em casa; Albânia, 2-0 fora e 3-0 em casa; Macedónia, 4-0 em casa e 2-1 fora; Israel, 4-1 em casa e 1-0 fora)
Treinador: Julen Lopetegui (espanhol)
Estrela: Andrés Iniesta (Barcelona)
Goleador: Álvaro Morata (Chelsea)
Promessa: Saúl Ñíguez (Atl. Madrid)

IRÃO
Alcunha: Team Melli (A Seleção Nacional)
Participações no Mundial e melhor classificação: 5.ª participação (Fase de grupos em 1978)
Qualificação: 1.º lugar no grupo D da 2.ª fase com 20 pontos em 8 jogos (Turquemenistão, 1-1 fora e 3-1 em casa; Guam, 6-0 em casa e 6-0 fora; Índia, 3-0 fora e 4-0 em casa; Omã, 1-1 fora e 2-0 em casa) e 1.º lugar do grupo A da 3.ª fase com 22 pontos em 10 jogos (Catar, 2-0 em casa e 1-0 fora; China, 0-0 fora e 1-0 em casa; Uzbequistão, 1-0 fora e 2-0 em casa; Coreia do Sul, 1-0 em casa e 0-0 fora; Síria, 0-0 fora e 2-2 em casa)
Treinador: Carlos Queiroz (português)
Estrela: Sardar Azmoun (Rubin Kazan)
Goleador: Sardar Azmoun (Rubin Kazan)
Promessa: Saeed Ezatolahi (Amkar Perm)

MARROCOS
Alcunha: Os Leões do Atlas
Participações no Mundial e melhor classificação: 5.ª participação (16-avos-de-final em 1986)
Qualificação (África): vitória na 2.ª fase (Guiné Equatorial, 2-0 em casa e 0-1 fora) e 1.º lugar no grupo C da 3.ª fase com 12 pontos em 6 jogos (Gabão, 0-0 fora e 3-0 em casa; Costa do Marfim, 0-0 em casa e 2-0 fora; Mali, 6-0 em casa e 0-0 fora)
Treinador: Hervé Renard (francês)
Estrela: Medhi Benatia (Juventus)
Goleador: Youssef El-Arabi (Al-Duhail)
Promessa: Achraf Hakimi (Real Madrid)