A quinta Bola de Ouro de Cristiano Ronaldo junta-se aos galardões recebidos pelo Eusébio e Figo e vão sete para Portugal. Sete vezes que um português foi o melhor entre os melhores do futebol. Sete vezes que um português elevou o nome do país no troféu individual mais valorizado no mundo anualmente. Tantas como a Alemanha e a Holanda, mais do que todos os outros. Mas, hoje, podíamos estar isolados na frente deste ranking. E só não estamos por causa do excesso de confiança do correspondente português da France Football, em 1966.

Eusébio tinha recebido a Bola de Ouro em 1965, num ano em que tinha ganho o Campeonato Nacional e chegado à final da Taça dos Campeões Europeus pelo Benfica, surgindo como principal favorito no ano seguinte, sobretudo pela campanha absolutamente fabulosa no Mundial onde apontou nove golos entre os quais o célebre poker à Coreia do Norte nos quartos-de-final e o bis ao Brasil, no último jogo da fase de grupos. No entanto, havia um rival de peso: Bobby Charlton, avançado do Manchester United que ajudara com três golos a Inglaterra a sagrar-se campeã mundial, incluindo um bis na meia-final com Portugal.

Na hora da votação, a mais renhida de sempre, o britânico acabou por ganhar por apenas um ponto (81-80) e mais tarde veio a saber-se que tinha sido o voto de Couto e Santos, na altura correspondente português da France Football, a fazer a diferença. Eusébio, esse, admitiu que tinha sido uma das suas maiores desilusões.

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“Tinha recebido a da época anterior e depois do Mundial que fiz achei que essa estava no papo. Afinal, acabei por perdê-la por um voto e como é que eu perdi? O jornalista português que votava era o Couto e Santos, que até era benfiquista, mas não votou em mim. Ao saber, fiquei furioso, mas depois passou. Paciência, escolheu, escolheu. Ainda me disse que escolheu o Bobby Charlton porque achava que eu ganharia de avanço – e foi o Bobby que ganhou. Sei que dizendo isso me vão julgar vaidoso, mas não, é pura verdade: não houve muita honestidade na escolha, só eu e o Bobby Charlton poderíamos ter hipóteses, o resto é pura fantasia”, disse o Pantera Negra.

Eusébio poderia, em paralelo, ter-se tornado o primeiro a ganhar a Bola de Ouro em anos seguidos, algo que só viria a acontecer pela primeira vez com Johan Cruyff, em 1973 e 1974. Ficou a… um ponto.

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Mais tarde, também Paulo Futre se queixou do voto de um jornalista português: depois de uma transferência surpresa do Sporting para o FC Porto, sagrou-se bicampeão pelos azuis e brancos e ajudou a conquistar a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1987, frente ao Bayern, antes de transferir-se para o Atl. Madrid. Grande rival nesse ano? Ruud Gullit, o holandês do cabelo inconfundível que tinha sido campeão holandês pelo PSV antes de se transferir para o colosso AC Milan, onde já estava também o compatriota Marco van Basten.

No entanto, contas feitas, a verdade é que não foi esse voto que fez a diferença: Gullit acabou por ganhar nesse ano com 15 pontos de avanço (106-91) e, mesmo que o jornalista português tivesse optado por Emilio Butrageño (goleador espanhol do Real Madrid que terminou na terceira posição), tendo em conta que não podia votar em Futre por condicionalismos de nacionalidade, a única coisa que faria era encurtar a margem. Outra coisa, essa sim discutível, era se o então colchonero não justificaria mais o troféu do que o holandês nesse ano em específico. O que, olhando para o que ambos fizeram nessa época, se calhar favorecia mais o esquerdino…

Assim, com mais um triunfo de Cristiano Ronaldo, o quinto em menos de dez anos, Portugal passa a somar sete galardões, tantos como a Alemanha (por cinco jogadores diferentes: dois de Beckenbauer, dois de Rummenigge, Gerd Müller, Matthäus e Sammer) e Holanda (três de Cruyff, outros tantos de Van Basten e um de Gullit) e mais um do que a França (três de Platini, um de Kopa, um de Papin e um de Zidane).

A nível de pódios, Portugal conta já com nove segundos lugares: Eusébio em 1962 (ganhou Masopust) e 1966 (Bobby Charlton); Futre em 1987 (Gullit); Deco em 2004 (Shevchenko); e Cristiano Ronaldo em 2007 (Kaká), 2009 (Messi), 2011 (Messi), 2012 (Messi) e 2015 (Messi).