Hugo Chávez foi presidente da Venezuela entre 1999 e 2013. Durante esse período (nomeadamente entre 2007 e 2013) foram depositados em Andorra, no banco BPA mais de 2.000 milhões de euros com origem ilícita — milhões que provinham de homens próximos do regime “chavista”, alguns deles ex-ministros. Há pelo menos 10 nomes implicados neste alegado esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. A investigação é do El País.

Todos os depósitos que ao longo de seis anos foram realizados no BPA provinham de negócios da petrolífera PDVSA, principal empresa estatal da Venezuela. Os suspeitos terão subornado companhias estrangeiras, sobretudo chinesas, companhias que seriam depois favorecidas aquando da assinatura de contratos de extração de petróleo com a PDVSA. O caso está a ser investigado pelo Ministério Público de Andorra.

O dinheiro tinha quase todo a mesma origem. Mas fazia igualmente o mesmo percurso. Vinha de sociedades com sede no Panamá, seguia até Andorra e, depois, tinha como destino final paraísos fiscais como a Suíça ou Belize. Ao todo, 37 sociedades foram abertas no Panamá por “chavistas”. Ao banco andorrenho, os depósitos milionários eram descritos como provindo de “trabalhos de assessoria para empresas”. A investigação acredita que estes “trabalhos” nunca existiram e suspeita que o grupo tenha cobrado às empresas que negociavam com a PDVSA comissões que variavam entre 10% e 15% por negócio.

Nervis Villalobos e Javier Alvarado são dois dos principais suspeitos desta investigação. O primeiro, ex-ministro da Energia e Petróleo, abriu um total de 11 sociedades no Panamá, sendo de lá transferidos para Andorra mais de 124 milhões de euros. Por sua vez, Alvarado, antigo vice-ministro da Energia e Petróleo, terá aberto quatro sociedades e transferido para o BPA 46,5 milhões de euros.

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Outro “chavista” sonante que está a ser investigado é Diego José Salazar. Salazar foi até há pouco tempo o representante da Venezuela nas Nações Unidas. E é primo de Rafael Ramírez, ex-presidente da PDVSA. Abri seis sociedades com sede no Panamá. Em Andorra depositou 21,2 milhões de euros.

As autoridades andorrenhas investigam também um magnata venezuelano dos seguros: Omar Farias. O empresário era próximo do regime de Hugo Chávez e transferiu para Andorra (tal como os anteriores, via Panamá) 586 milhões de euros.

Há outras “personagens” secundárias, que estão igualmente na mira do Ministério Público. Um deles é Luis Mariano Rodríguez Cabello, gestor dos negócios de Diego José Salazar. Rodríguez Cabello depositou 626 milhões de euros em Andorra. Também próximo de Salazar (e de Omar Farias) é José Luis Zabala, que depositou 27 milhões de euros no banco de Andorra.