A corrida à liderança do PSD está a mexer com o aparelho social-democrata. De tal forma que no último mês houve cerca de 13 mil militantes a pagarem quotas para estarem em condições de votar no dia 13 de janeiro.

A informação é avançada pelo Jornal de Notícias, na edição desta sexta-feira. De acordo com aquela publicação, são agora 40 mil os militantes em situação regular. Sem considerar os militantes suspensos, estes 40 mil militantes representam um universo de 22,5%. Contas feitas, o próximo líder do PSD (e, por inerência do cargo, candidato a primeiro-ministro) será escolhido por menos de um quarto dos militantes do partido.

A 15 de novembro a situação era pior: dos 215.883 militantes do PSD, apenas 28 mil militantes tinham as quotas em dia, cerca de 12,5%. Na candidatura de Rui Rio soaram os alarmes: um fenómeno desta dimensão pode ser terreno fértil para o caciquismo e o pagamento em massa de quotas. Na altura, em declarações ao mesmo Jornal de Notícias, a candidatura de Pedro Santana Lopes desvalorizou essa hipótese.

Só 12,5% dos militantes do PSD têm as quotas regularizadas

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Um mês depois desta primeira radiografia ao partido, o número de militantes com quotas em dia aumentou cerca de 10%, uma evolução elogiada pelos dois candidatos.

A corrida ao pagamento de quotas notou-se principalmente no distrito do Porto, onde mais de 3 mil sociais-democratas decidiram regularizar a situação. A distrital do PSD/Porto decidiu manter-se imparcial na corrida à liderança do partido, mas António Bragança Fernandes, presidente daquele órgão, já garantiu que vai apoiar Pedro Santana Lopes. Miguel Seabra, da concelhia do PSD/Porto, é próximo de Rui Rio e António Tavares, candidato à sucessão de António Bragança Fernandes e provedor da Santa Casa de Misericórdia do Porto, é um dos homens mais próximos do antigo presidente da Câmara do Porto.

No distrito de Aveiro, o número de militantes cresceu para mais do dobro, passando de um universo de 2.360 militantes para 4.735. A distrital do PSD/Aveiro é controlada por Salvador Malheiro, diretor de campanha de Rui Rio. Além disso, a cidade de Aveiro foi escolhida pelo antigo autarca para apresentar a candidatura à liderança do partido.

Fenómeno semelhante aconteceu no distrito de Vila Real: o número de militantes com quotas em dia passou de 1014 para 2006. A distrital do PSD/Vila Real, liderada por Alberto Machado, também anunciou o apoio a Rui Rio.

No sul do país, a corrida parece estar a mobilizar menos militantes. A exceção é Lisboa, que ganhou num mês 1400 militantes. A disputa territorial em Lisboa tem sido feita ao centímetro: Rodrigo Gonçalves, homem forte do aparelho social-democrata e líder interino da concelhia do PSD/Lisboa apoia Rio; Pedro Pinto, líder da distrital do PSD/Lisboa, apoia Santana.

Mas o número ainda pode crescer: o prazo para o pagamento de quotas termina esta sexta-feira, dia 14 de dezembro, e as duas candidaturas estimam que o número de militantes possa crescer para 45 a 50 mil.