A Áustria tornou-se esta sexta-feira o único país europeu cujo Governo tem uma representação da extrema-direita. O partido conservador austríaco (ÖVP) — que venceu as eleições — chegou a acordo com o partido anti-imigração, o Partido da Liberdade, para formar Governo.
Sebastian Kurz, o líder do ÖVP, tornou-se a 15 de outubro o primeiro-ministro mais jovem da Europa. Kurz adotou um discurso anti-imigração que se sobrepôs ao da extrema-direita e acabou por ser a voz dos austríacos que estão contra o acolhimento de refugiados. O acordo de coligação termina com um período de dezassete anos em que o Partido da Liberdade esteve arredado do poder: não estava no Governo desde 2000.
Num comunicado conjunto, os líderes dos dois partidos declararam que existe “um acordo azul-turquesa”, fazendo referência às cores dos dois partidos. Sebastian Kurz referiu que querem “reduzir o fardo dos contribuintes e, acima de tudo, assegurar uma maior segurança no país, passando também pela imigração ilegal”. Os principais jornais austríacos avançam a grande possibilidade do Partido da Liberdade ficar com as pastas da Defesa, do Interior e dos Negócios Estrangeiros.
Quando o Partido da Liberdade chegou ao Governo, em 2000, alguns países da União Europeia impuseram sanções à Áustria; é improvável que, tendo em conta a conjuntura política europeia atual, isto volte a acontecer. Contudo, Sebastian Kurz já assegurou que o novo Governo austríaco vai ser pró-Europa e que um referendo “tipo Brexit” está fora de questão.