Nada é eterno. E se alguém tinha essa ilusão, a Koenigsegg tratou de pôr os pontos nos ‘i’. Depressa e bem, literalmente. De uma assentada, bateu não um, não dois, nem três, mas sim cinco recordes, com o Agera RS. Estes:
- • Velocidade mais elevada num carro de produção: 447,19 km/h
- • Mais rápido 0-400-0 km/h: 33,29 segundos
- • Velocidade máxima numa via pública: 457,94 km/h (num sentido)
- • Maior velocidade média por quilómetro alcançada em via pública: 445,63 km/h
- • Maior velocidade média por milha (1,609 km) atingida numa via pública: 444,76 km/h
Mas, vamos por partes: como, quando e porquê? Conforme o Observador noticiou, a Bugatti tratou de acender a fogueira em que acabaria por se queimar, ao anunciar que o seu Chiron era uma máquina do outro mundo. Primeiro, mostrando como é que o superdesportivo francês ia de 0 a 400 km/h enquanto o diabo esfrega um olho (32,6 segundos); depois, demonstrando igualmente a eficácia de travagem do ‘bicho’ (0-400-0 km/h em 42 segundos).
Ambos os marcos cativaram de imediato a atenção da Koenigsegg, com o pequeno construtor sueco, liderado pelo engenheiro Christian von Koenigsegg, a sacar do baralho para, numa só numa cartada e fazendo jogo limpo, limpar a mesa dos recordes.
Mas, no processo, a marca sueca deitou abaixo ainda outros recordes. Fez história, sobretudo, porque derrubou o “recorde eterno”, ao superar dois registos que, há 80 anos, ninguém achava possível alguém um dia viesse a bater. Isto mete um pouco de história: lembra-se de Rudolf Caracciola?
Caracciola é considerado o piloto mais bem-sucedido do seu tempo. Numa manhã de Janeiro de 1938, acordou determinado a ficar para história: queria ser o mais rápido do mundo. Depois de uma série de tentativas falhadas e consequentes afinações, incluindo colocar 90 kg de chumbo na frente do Mercedes W 125, para impedir que levantasse o nariz a alta velocidade, e torná-lo mais aerodinâmico, Rudolf lá conseguiu tirar o máximo partido dos 775 cv do seu Mercedes e de um coeficiente aerodinâmico de 0,157. Num trecho de 34 km da auto-estrada que liga Frankfurt a Darmstadt, Caracciola fez duas viagens de ida e volta em que alcançou uma média de 432,7 km/h por quilómetro e 432,36 km/h numa milha percorrida. A façanha teve uma tal dimensão que foi apelidada de “Eternal Record”…
Quase oito décadas depois e com apenas 12 km/h de diferença na velocidade máxima, o Agera RS e os seus 1.360 cv de potência provaram que… nada é eterno. Excepto a memória de Caracciola.