Rui Patrício vai completar esta noite no estádio da Luz o 437.º jogo oficial pelo Sporting, passando assim a ser o segundo jogador de sempre do clube com mais encontros disputados de leão ao peito (apenas atrás do defesa internacional Hilário). E quem supera? Outro monstro da baliza verde e branca, Vítor Damas, a lenda que dá nome à baliza do topo Sul de Alvalade.
Quando pensamos no atual número 1 dos leões, é inevitável pensar em grandes penalidades. E na defesa das mesmas: ao longo da carreira como sénior, que começou quando ainda tinha idade de júnior numa deslocação à Madeira para defrontar o Marítimo onde segurou o 1-0 travando um castigo máximo, são já 13 os penáltis que conseguiu parar, sem contar com desempates e jogos da Seleção. Pois bem, se pensarmos no primeiro encontro que nos vem à cabeça em relação a Vítor Damas, surge um que também está ligado a grandes penalidades: em 1971, o “Eterno número 1” defendeu três penáltis no desempate frente ao Glasgow Rangers, a contar para a Taça dos Vencedores das Taças, mas, afinal, o Sporting acabou mesmo eliminado (a regra dos golos fora, que nunca contara até aí, passara nessa temporada a valer, algo que o árbitro se esqueceu…).
Os filhos, o ioga e os barcos: as paixões de Rui Patrício (além de defender penáltis)
Damas e Patrício eram especialistas da marca dos 11 metros mas têm outros pontos em comum ou que os separam. Mais concretamente, cinco de cada. E assim construíram ou vão construindo a sua história lendária no clube.
Cinco pontos em comum? 1) Ambos chegaram com 13/14 anos ao clube e foram campeões nacionais de juniores (Patrício até tinha sido antes de juvenis e iniciados) antes de subirem aos seniores; 2) ambos começaram no futebol com a ambição de serem avançados, tendo depois “descido” para a ponta oposta do campo; 3) ambos foram alvo da cobiça de rivais diretos, no caso de Patrício do Benfica quando se estava a transferir do Marrazes para o Sporting, no caso de Damas do FC Porto, quando acabou o fim da Lei de Opção após o 25 de abril; 4) ambos foram capitães de equipa; 5) ambos foram internacionais e estiveram em fases finais de Campeonatos da Europa e do Mundo (Patrício sagrou-se campeão europeu em 2016, Damas ficou pelas meias-finais do Euro de 1984).
Cinco pontos distintos? 1) Enquanto Vítor Damas é natural de Lisboa, Rui Patrício nasceu em Marrazes, Leiria; 2) Enquanto Rui Patrício se estreou ainda com idade de júnior nos seniores, Vítor Damas fez o primeiro jogo na principal equipa já com 19 anos; 3) Enquanto Rui Patrício nunca conheceu outro clube como sénior, Vítor Damas passou pelo Racing Santander, pelo V. Guimarães e pelo Portimonense antes de regressar a Alvalade oito anos depois; 4) Enquanto Vítor Damas “só” esteve dez anos consecutivos no principal conjunto verde e branco, Rui Patrício já vai na 12.ª temporada seguida; 5) Enquanto Rui Patrício ganhou duas Taças de Portugal e duas Supertaças como leão, Vítor Damas conquistou dois Campeonatos e três Taças de Portugal.
Nota: em muitas publicações Vítor Damas surge com mais jogos do que os 436 supracitados. Porquê? São também contabilizados os encontros disputados na Taça das Cidades com Feira, prova que daria mais tarde origem à Taça UEFA/Liga Europa. No entanto, a UEFA decidiu não contabilizar nenhum troféu (nem jogo, entenda-se) em termos oficiais porque, na altura, a competição não estava sob a sua égide.