A atual procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, interveio no polémico processo de adoção dos três irmãos Vera, Luís e Fábio Andrade por parte de ‘bispos’ da Igreja Universal do Reino de Deus, liderada pelo brasileiro Edir Macedo, denunciado na reportagem da TVI ‘Segredo dos Deuses’.

Em comunicado enviado à imprensa, a Procuradoria-Geral da República confirmou que “foi localizada a intervenção da agora Procuradora-Geral da República num processo de confiança judicial respeitante a crianças que são mencionadas nas notícias sobre alegadas adoções ilegais” – Joana Marques Vidal “requisitou os autos tendo em vista um estudo aprofundado dos mesmos” depois de ter sido “alertada” para “circunstâncias eventualmente menos claras”.

Da análise que Joana Marques Vidal levou a cabo “não resultaram quaisquer factos que confirmassem o alerta recebido”, esclarece a PGR, acrescentando que “não se inferiu também qualquer circunstância menos clara das diligências realizadas no processo de confiança judicial, entre as quais se incluiu a citação da mãe biológica” — ou seja, a PGR diz que as declarações da mãe foram tidas em conta no processo.

Na altura, Joana Marques Vidal era procuradora na comarca de Lisboa, exercendo funções no Tribunal de Família e Menores de Lisboa. Contudo, cessou funções em outubro de 2002, “não tendo tido conhecimento de factos constantes de uma carta enviada ao tribunal em 2003 que, recentemente, foi noticiada“, lê-se na nota da PGR, referindo-se à carta enviada pela mulher do bispo líder da IURD em Portugal, admitindo o esquema das adoções.

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Em 2001, a secretária de Edir Macedo conseguiu a guarda dos irmãos e levou-os para os Estados Unidos e para o Brasil, onde acabaram por ser ilegalmente adotados por uma filha de Edir Macedo e também por um outro ‘bispo’ da IURD.

Seis grandes questões que ainda estão por responder no caso das adoções ilegais na IURD

A reportagem ‘Segredo dos Deuses’, emitida em dezembro, denunciou um esquema de alegadas adoções ilegais a partir de um lar — também ilegal — que a IURD manteve em Lisboa na década de 90. Crianças tiradas às famílias biológicas eram alegadamente levadas para serem filhas adotivas de bispos da IURD através de diversos esquemas para contornar a Justiça portuguesa.