O líder do SPD entrou este domingo no congresso do partido alemão — muito dividido quanto ao futuro — a pedir o aval dos sociais-democratas para “começar as negociações da coligação” com a CDU de Angela Merkel. O sim às negociações formais para a formação de uma coligação acabou por ganhar, por uma diferença de 83 votos. Os dois partidos iniciam agora negociações para definir, entre outras coisas, quais as pastas ministeriais cada um dos partidos assumirá. O acordo final terá novamente de ser votado pelo partido.
O congresso extraordinário dos sociais-democratas alemães aprovou as negociações formais para uma coligação com Merkel por uma magra margem, com 362 votos a favor e 279 contra. A reunião decorre este domingo no World Conference Center em Bona, Alemanha, e juntou cerca de 600 delegados, num momento em que o SPD já se mostrava muito dividido sobre o seu futuro, a favor ou contra a coligação. A ala mais à esquerda do partido tem defendido que o partido fique na oposição.
No discurso que fez ao congresso, Schulz insistiu que este é o momento para que o SPD seja “visível, audível e reconhecível” e, por isso mesmo, pediu e forma dramática o “consentimento” dos delegados ao congresso para que a aliança se possa fazer, que acabou por lhe ser dado, ainda que de forma muito tímida. Já no Twitter, este domingo, o líder do SPD tinha apelado veementemente ao voto favorável dos sociais-democratas presentes no congresso. Num tweet escrito em alemão, Schulz defendeu que para o seu partido poder ter uma palavra a dizer no futuro próximo, “tem de dizer sim” à coligação. Citado pela Lusa, no seu discurso acrescentou ainda mais um argumento: “A Europa está a observar-nos”. E insistiu na necessidade de entrar no futuro Governo alemão para promover, juntamente com França, “as reformas de que a União Europeia/UE precisa”.
Andere Parteien sind Meister im Lautsprechen. Wir sind Meister im Gestalten. Damit wir gestalten können, müssen wir heute mit Ja stimmen. Tun wir’s für die Menschen, für die wir viel bewegen können.
— Martin Schulz (@MartinSchulz) January 21, 2018
Há pouco mais de uma semana, Merkel e Schulz chegaram a um acordo de princípio para a negociação formal que, para arrancar formalmente, terá de ter o aval dos sociais-democratas agora reunidos em congresso.
Alemanha. Angela Merkel e Martin Schulz chegam a acordo para negociar coligação
A negociação para o governo alemão já se estende desde outubro, tendo falhado em novembro o acordo para uma coligação com o Partido Liberal, o FDP, e Os Verdes. Depois disso, Angela Merkel acabou por ter de se virar — mais uma vez — para os sociais-democratas, que em setembro recusaram negociações com vista a uma coligação com a CDU.
Martin Schulz, que enfrenta grande contestação interna da ala mais à esquerda, acabou por ceder e negociar com Angela Merkel, algo que recusou fazer desde o início. O SPD fez parte do último governo de Angela Merkel, mas os resultados eleitorais levaram a que parte do partido insistisse que não voltassem a fazer parte de um governo com Merkel.
Artigo atualizado às 16h com o resultado da votação