Apenas 10% dos condutores portugueses usa transportes públicos nas deslocações casa-trabalho-casa, enquanto aumenta o número das famílias com quatro ou mais automóveis, que atinge já 11% do total, segundo um estudo do Automóvel Clube de Portugal.

Os dados foram recolhidos em 6.560 entrevistas a pessoas com carta de condução, 90% das quais têm pelo menos um carro no seu agregado familiar e o usam para ir trabalhar todos os dias.

“Ao contrário do que alguns fundamentalistas querem fazer crer, o automóvel não vai acabar e é utilizado cada vez mais por falta de alternativa”, afirmou aos jornalistas o presidente do ACP, Carlos Barbosa, na apresentação do primeiro estudo realizado pelo Observatório ACP.

Carlos Barbosa afirmou que há “má gestão das cidades”, exemplificando que em Lisboa “foram retirados quilómetros de corredores ‘bus’ para instalar ciclovias que estão vazias”. A pouca frequência e a necessidade de fazer vários transbordos são dos fatores mais negativos apontados à rede de transportes coletivos pelos inquiridos.

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Para o ACP, é preciso aumentar o número de corredores ‘bus’ nas cidades e a construção de parques de estacionamento fora das cidades para se encorajar o uso de transportes públicos dentro da malha urbana.

O número de carros por família também está a aumentar, com dois terços das famílias com dois carros no agregado, o que levanta problemas de estacionamento nas áreas residenciais, salienta o ACP.

Sobre os ciclistas, metade dos inquiridos considerou estarem mal preparados para circular, e mais de 80% defende que devem usar capacete e ter seguro obrigatório de responsabilidade civil.

Relativamente ao uso do telemóvel, 47% fala enquanto conduz e destes, 8% admite falar com o telemóvel na mão. A proibição de escrever ou enviar sms ou e-mail enquanto se conduz seria apoiada por 91% dos inquiridos, mas apenas 61% apoiaria uma proibição total do telemóvel, com ou sem sistema mãos livres.

Outros números levantados no estudo são os 20% de condutores que admite ter adormecido ao volante, mesmo sem ter tido um acidente, e a perceção comum a 68% dos inquiridos de que a condução em Portugal está igual ou pior do que há dois anos.