Chama-se Preston e podia ser só mais um Labrador, mas é mais do que isso: é um cão de terapia. Todas as manhãs, quando a treinadora lhe coloca um lenço azul à volta do pescoço já sabe que é sinal de que são horas de cumprir funções. Já com um currículo invejável, nos últimos dias, tem estado sentado à porta da sala do tribunal de Ingham para acarinhar e acalmar as 158 testemunhas vítimas de abuso sexual por parte de Larry Nassar.
O cão, um Labrador retrevier com dois anos, normalmente fica sentado ao pé das crianças vítimas de abusos sexuais quando estas são chamadas a testemunhar, mas desta vez foi diferente. O caso de Nassar despertou o interesse público de tal forma que ganhou uma enorme dimensão e, no dia da audiência, o tribunal estava repleto de pessoas e de vítimas, razão pela qual o canino teve de esperar à porta.
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— azcentral (@azcentral) January 23, 2018
O cachorro preto, que usou uma pequena gravata azul, é treinado para ser uma presença calmante para as vítimas e para lhes dar “amor incondicional”. Samantha Ursch, que testemunhou na semana passada sobre o abuso que sofreu em 2011 quando era ginasta na Universidade do Michigan, afirmou que “Ter o Preston aqui foi uma alegria”, principalmente para quem tem animais domésticos e, neste momento difícil, está longe deles, acrescentando que “Ele procura mesmo confortar as pessoas”.
Ashley Vance é a treinadora deste Labrador e diz que “Esta foi a primeira vez que ficamos no corredor”, sublinhando que vir ao pé de Prenston muito bom para as vítimas, pois é um grande apoio e conforto.
A carreira de Preston como cão de terapia é recente, mas já tem boas recomendações. Começou em 2016 num centro de advocacia infantil para crianças que sofrem de abusos sexuais, o Small Talk Children’s Assessment Center, em Lansing. Desde que o cão de terapia foi introduzido, diz a organização, as crianças têm voltado mais vezes para fazer sessões.
Neste centro, é feita uma entrevista forense às crianças que foram vítimas de abuso sexual ou físico, para começar um processo de investigação. Segundo a organização, o cão senta-se com elas antes e depois da entrevista e, como é já uma cara familiar, é depois chamado a acompanhar as crianças a tribunal.
Preston tem dado muito amor incondicional e conforto a algumas pessoas que realmente precisam”, contou Alex Brace, diretora executiva do Small Talk Children’s Assessment Center.
Brace diz que este envolvimento, a relação entre a criança e Preston, vai muito no sentido de dar “esperança” àquelas que sofreram abusos sexuais ou físicos. O cachorro tem autoridade para entrar em qualquer tribunal de Ingham, caso as famílias façam questão de que ele esteja presente, mas no caso de Nassar, foi o procurador-geral do Estado que pediu ao Centro que levasse Preston até ao tribunal para apoiar as vítimas.
Preston fica assim conhecido como um cão que tem muito amor para dar, principalmente em situações difíceis como são as de falar sobre experiências pessoais de violação ou abuso. Como disse Brace, estar num tribunal e confrontar o abusador pode ser realmente traumático, pelo que, ter Preston por perto ajuda as crianças e, neste caso, as mulheres, a sentirem-se protegidas.
Larry Nassar foi condenado em dezembro a 60 anos de prisão por posse de pornografia infantil e agora, numa sessão conduzida pela juíza Rosemarie Aquilina, foi novamente condenado, mas a 175 anos de prisão. “Acabei de assinar a sua sentença de morte”, disse Aquilina.
Sete dias e 158 testemunhos, a decisão: Larry Nassar condenado a 175 anos de prisão