O escândalo que ficou conhecido como Dieselgate, que rebentou em setembro de 2015, ainda tem que se lhe diga. Numa reportagem que explora a forma como os fabricantes de automóveis venderam a ideia de que o diesel era amigo do ambiente, o The New York Times refere uma peculiar experiência científica, realizada em 2014, num laboratório na cidade norte-americana de Albuquerque, em que dez macacos foram colocados em câmaras hermeticamente fechadas, a ver desenhos animados, enquanto inalavam fumos produzidos por um carocha a diesel da Volkswagen.

A experiência, financiada pela fabricante de automóveis alemã, tinha como objetivo ajudar a provar que os veículos a diesel com a mais recente tecnologia eram mais limpos do que os modelos antigos. Escreve o NYT que os cientistas norte-americanos que conduziram a investigação não sabiam que o Beetle providenciado pela Volkswagen estava manipulado de forma a produzir níveis de poluição bem mais reduzidos no laboratório do que nas estradas.

A estranha experiência realizada no laboratório de Albuquerque ainda não tinha sido noticiada, sendo que o jornal esclarece que a organização que encomendou o estudo — European Research Group on Environment and Health in the Transport Sector –, recebeu financiamento da Volkswagen, Daimler e BMW, tendo encerrado atividade no ano passado devido ao seu trabalho controverso.

A Volkswagen anunciou em novembro do ano passado que ia pagar mais 59 milhões de euros no capítulo final do processo judicial relacionado com o escândalo da manipulação das emissões dos diesel nos EUA. A empresa foi forçada a declarar-se culpada dos crimes de fraude fiscal e conspiração naquele país e já pagou mais de 21 mil milhões de euros em multas.

A empresa admitiu em abril de 2017, às autoridades judiciais norte-americanas, ter contornado o sistema de controlo de emissões dos EUA para veículos a gasóleo, em viaturas cujo início de comercialização no país arrancou em 2009. Na reportagem do NYT lê-se ainda que, em 2012, 72 mil pessoas morreram prematuramente na Europa devido à poluição por dióxido de nitrogénio que deriva primeiramente de automóveis a diesel.

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