O Governo alemão reagiu esta segunda-feira às notícias que dão conta de que um organismo financiado pelos fabricantes automóveis Volkswagen, Daimler e BMW terá levado a cabo um conjunto de experiências científicas que expuseram seres humanos e macacos a gases das emissões de escape de automóveis. “Estes testes não podem ser eticamente justificados de forma nenhuma”, declarou Steffen Seibert, porta-voz da chanceler Angela Merkel.
A ministra do Ambiente alemã, Barbara Hendricks, foi ainda mais longe, classificando as experiências de “abomináveis”. “Aquilo que sabemos até agora é revoltante”, disse esta segunda-feira, citada pela Deutsche Welle (DW). “O facto de que uma indústria inteira tentou esconder métodos de pesquisa científica descarados e duvidosos torna tudo ainda mais monstruoso.”
Os testes em causa terão sido realizados em 2014 pelo Grupo Europeu de Pesquisa sobre o Ambiente e a Saúde no Sector dos Transportes (EUGT na sigla original), financiado pelos três fabricantes automóveis e entretanto dissolvido. O seu objetivo seria descredibilizar a decisão de 2012 da Organização Mundial da Saúde de classificar as emissões de escape como cancerígenas.
Testes em 25 humanos e dez macacos
As primeiras notícias acerca das experiências científicas envolviam macacos, como noticiou o New York Times na passada semana. De acordo com o jornal, o EUGT expôs dez macacos aos gases numa câmara selada, num laboratório em Albuquerque, Novo México (EUA).
Volkswagen usa 10 macacos e um carocha em estudo controverso
Mas durante o fim-de-semana, a imprensa alemã noticiou que as experiências não se tinham limitado a animais. De acordo com o Stuttgarter Zeitung, 25 pessoas (19 homens e seis mulheres) inalaram as emissões de gases num teste do EUGT, num laboratório em Aachen, na Alemanha.
Segundo o Stuttgarter e o Süddeutsche Zeitung, as experiências ocorrerm “algures entre 2012 e 2015” e tinham como objetivo estudar “a inalação de dióxido de nitrogéneo a curto-prazo por pessoas saudáveis”. A DW tmbém avança que o hospital-universidade de Aachen examinou depois as 25 pessoas, depois de terem inalado os gases durante várias horas.
A Daimler (que produz os carros da Mercedes-Benz), declarou-se “chocada” com os estudos e condenou as experiências científicas, garantindo que iniciou uma investigação ao testes “supérfluos e repugnantes”. Também a Volkswagen prometeu uma investigação. “Sabemos que os métodos científicos usados pelo EUGT são errados e pedimos as mais sinceras desculpas”, disse o grupo.