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EDP Seed Race. Como ganhar 100 mil euros em cinco minutos

Este artigo tem mais de 5 anos

Quatro empreendedores portugueses, mais quatro do Brasil e ainda cinco de Espanha. Nervosismo e adrenalina em 13 momentos de pitch para ganhar 100 mil euros. Mas como se convencem os investidores?

Os quatro empreendedores portugueses, no evento Seed Race da EDP
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Os quatro empreendedores portugueses, no evento Seed Race da EDP

EDP

Os quatro empreendedores portugueses, no evento Seed Race da EDP

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No pequeno auditório, cerca de 40 pessoas sentaram-se alinhadas numa espécie de bancada. À sua frente, um ecrã fazia a ligação para dois pontos distantes do mundo num universo quase exclusivamente masculino. A adrenalina e a ansiedade dominavam o ambiente e também os protagonistas mais aguardados da manhã, mas mal se notava o nervoso miudinho: afinal, estas andanças já não são novas para aquele grupo de jovens empreendedores.

Depois de alguns atrasos, o encontro que juntou 13 startups de Portugal, Brasil e Espanha na manhã desta quarta-feira, dia 31, arrancou com o toque de uma vuvuzela: estava dado o tiro de partida na sede do grupo EDP, na zona ribeirinha de Lisboa, para mais uma corrida ao investimento em projetos na área energética, envolvendo desde resíduos a chatbots, passando pela tecnologia eólica ou pelos carros. Tudo projetos incubados pela EDP Starter, que apoia os projetos desde o estágio da ideia até ao investimento de capital de risco.

“Vou contar uma história”, anunciou Luís Murcho, presidente executivo da Glartek, quando o júri de investidores quis saber como é que a sua empresa se diferenciava das restantes. O jovem empreendedor — que antes era responsável por desenvolver toda a parte tridimensional (3D) das instalações de uma empresa de frio industrial, juntamente com o colega Gonçalo Santos (que hoje é administrador da área tecnológica da Glartek) — explicou que a sua ideia nasceu de uma insistência. “Os operários ligavam a meio da noite ao Gonçalo para saber informação sobre o equipamento que tinham à frente. Eles preferiam ligar a alguém que estava a quilómetros de distância, porque não conseguiam perceber imediatamente qual o problema”, contou Luís Murcho. E foi a partir deste obstáculo que surgiu a necessidade de criar uma solução, usando uma tecnologia de três dimensões que já conhecia bem.

Durante o pitch de cinco minutos — o tempo de que dispunha cada empreendedor para “vender” o seu projeto a investidores e assim concorrer a um novo investimento de 100 mil euros –, Luís Murcho explicou perante o público atento e um júri constituído por elementos da EDP Ventures (Luís Manuel, Carla Pimenta, Frederico Gonçalves e Lívia Brando) que a Glartek consiste numa aplicação que facilita a manutenção industrial. De ténis e um pullover às riscas, o empreendedor enfrentou a exigente plateia em estilo descontraído, andando de um lado para o outro enquanto demonstrava como, na prática, a sua jovem empresa ajuda a diagnosticar problemas a nível industrial recorrendo a tecnologia de realidade aumentada.

Pitch, um momento decisivo

Na hora de pisar o palco ou, para quem estava à distância, na hora de falar por videoconferência, o momento do pitch foi tenso — fosse pelo nervosismo de pensar em ganhar, pela adrenalina de fazer o pitch ou até mesmo por falar em inglês. Na verdade, houve até quem pedisse para fazê-lo na língua materna. Foram cinco minutos para cada startup vender a sua ideia, ainda que, no final, apenas uma arrecadasse os 100 mil euros. Mas, até que essa decisão chegasse, as apresentações foram-se sucedendo ao longo de uma manhã, entre empresas de três países. E, em 13 empreendedores, apenas uma mulher: Andrea Barber, presidente da espanhola Rated Power.

(foto EDP)

Além da Glartek, houve mais três startups portuguesas que subiram ao palco para demonstrar por que razão mereciam ganhar o dinheiro em jogo. Foi o caso da Fibersail, uma plataforma que permite melhorar o desempenho das turbinas eólicas, evitar falhas e prolongar o seu tempo de vida, com base em sensores de fibra ótica, como explicou o seu presidente executivo. Pedro Pinto fez-se ouvir, durante os minutos que lhe estavam reservados, e captou a atenção gesticulando e sempre sem parar no mesmo sítio.

A estratégia de Rui Sousa para a sua apresentação foi usar um discurso claro e apelativo. E foi assim que mostrou como funciona a aplicação da Movtz, um equipamento que permite controlar a quantidade de energia que cada utilizador gasta ao carregar o seu carro elétrico. Michael Memetau, presidente executivo da Nesto, destacou-se pela clareza e pelo discurso fluente em inglês. A sua ideia: uma plataforma que, através da IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas), reduz os custos de distribuição do gás engarrafado.

Os curtos minutos que duram um pitch são, por isso, um momento fulcral para qualquer startup: é no “aqui e agora” que cada um pode mostrar o que vale e, para Luís Manuel, diretor executivo da EDP Inovação, “têm de ser muito objetivos, explicar de forma clara como resolver o problema, porque tem de haver problema” e a solução que trazem para ele. Mas não deixa de lado a apresentação do modelo de negócio, algo que considera muito importante e que, no Seed Race, “nem todos apresentaram”.

Os 100 mil voaram para Espanha

Os quatro empreendedores portugueses tentaram dar o seu melhor para as que os seus projetos chegassem ao topo dos melhores. Explicaram os produtos e serviços, enfrentaram os investidores, tentaram conquistar um público inquieto. Os desempenhos das brasileiras Delfos, CUBI, NEXO e Enercred destacaram-se pelo à vontade das apresentações. Um registo que também marcou as espanholas TRC, Green Eagle, PlacTherm, Rated Power e Sentimer. Mas houve diferenças entre as apresentações feitas no auditório da EDP e as que foram feitas através de videoconferência: e, apesar da distância, o certo é que foi uma startup de Espanha a levar a melhor na corrida pelos 100 mil euros.

Cumpridas as sessões de pitch de cinco minutos, o júri precisou de três horas para chegar a consenso. A Green Eagle, do espanhol Alejandro Cabrera, foi a derradeira vencedora desta mini-maratona de startups. O presidente executivo mostrou-se entusiasmado e foi mais além do discurso habitual. Aliás, já durante o pitch, acabou por despir a camisola e mostrar um pólo com o logótipo da EDP — conquistou o coração do júri e prometeu “crescer no mercado nacional e internacional” com a ajuda da EDP. “Estou muito entusiasmado para trabalhar convosco. Juntos podemos ter impacto”, afirmou Cabrera. E assim garantiu 100 mil euros em cinco minutos.

13 startups: o que fazem

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As 13 empresas que participaram na última Seed Race da EDP são de três países e dedicam-se a produtos e serviços na área energética. Saiba o que fazem.

De Portugal…
Glartek – aplicação que facilita a manutenção industrial através da tecnologia de realidade aumentada.
Fibersail – produz sensores que, ao serem colocados nas hélices dos aerogeradores, permitem a sua monitorização em tempo real.
Movtz – equipamento que permite controlar a quantidade de energia que cada utilizador gasta ao carregar o seu carro elétrico.
Nesto – sistema inteligente para distribuição de gás.

De Espanha…
Green Eagle (vencedora) – software que permite às empresas gerir consumo de energia e controlar custos.
TRC – dedicada a reciclagem de materiais como a fibra de carbono.
PlacTherm – sistema inteligente de aquecimento a partir do chão especialmente preparado para ambientes de trabalho.
Rated Power sistema de planeamento eficiente de centrais para produção de energia solar.
Sentimer – desenvolvimento de plataforma de chatbots para atividades de gestão e comunicação.

Do Brasil…
Delfos – plataforma de manutenção inteligente que permite traduzir os dados das turbinas em informação que permita antecipar e resolver falhas de funcionamento
CUBI – equipamento low cost que permite ler e monitorizar energia elétrica e de gerir a informação em cloud.
NEXO simuladores de realidade virtual para reduzir acidentes de trabalho e custos de formação.
Enercred – gestão da fatura energética que permite o consumidor residencial monitorizar e controlar consumo e custos de energia.

 

Para Luís Manuel, a evolução da prestação das empresas, desde o momento em que as conheceu no passado mês de agosto, é clara. Desde logo na capacidade para se expressarem em inglês, algo que “é fundamental para este meio”, defende o responsável da EDP Inovação, bem como “saber explicar de forma muito clara aquilo que fazem, porque se não conseguimos explicar a um leigo aquilo que fazemos, então é impossível sermos bem sucedidos e eles estão a fazer isso muito bem”.

O responsável da EDP justificou ainda a escolha da startup espanhola. “Tivemos um feedback muito positivo do piloto que eles estão a realizar com a EDP Ventures”, o que fazem é diferenciador e “há perspetivas de ter uma evolução significativa”. Reforça ainda que conheceram a Green Eagle no início de 2017, quando a startup participou no EDP Starter Espanha, onde “nem sequer ficaram nos primeiros lugares”.

Este facto permite mostrar que programas deste género servem sobretudo para estabelecer contactos entre as empresas e executivos do grupo EDP, sublinhando que por vezes o mais importante não é decisão do júri mas sim os contactos que se criam. Por isso, reforça não há motivo para que as restantes empresas espanholas, brasileiras e portuguesas desistirem: porque nunca se sabe o que um contacto pode vir a despoletar. Na verdade, adiantou, das 13 startups que hoje concorreram ao prémio mais de metade já estão em análise de investimento na EDP Ventures.

[artigo editado por Helena Cristina Coelho]

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