Em março de 2006, numa das assembleias gerais mais participadas do Sporting neste século (tanto que a primeira tentativa acabou por ser “abortada”, porque o Centro de Congressos de Lisboa tinha apenas metade dos lugares em relação aos mais de três mil associados que marcaram presença), o então presidente Soares Franco viu a proposta de venda do património não desportivo chumbada à tangente (necessitava de dois terços dos votos mas ficou-se pelos 64,5%) e apresentou a demissão por não sentir as condições indispensáveis para dar continuidade ao projeto que tinha em mente. Mais tarde, “empurrado” por uma série de notáveis, decidiu candidatar-se, ganhou com quase 75% e acabou por fazer passar depois a proposta com uma clara maioria. 12 anos depois, será possível que o filme, mesmo com algumas partes do argumento diferentes, se repita?

Hoje é o dia D. Ou B, de Bruno de Carvalho: o que pode levar à demissão e o que pode fazer com que fique

Ao início da tarde, Bruno de Carvalho anunciou, através da sua página do Facebook, que a reunião prevista com a restante Direção terá início às 16 horas mas que “a decisão pessoal já está tomada”. “Somos um grupo a que tenho tido tanto orgulho e honra de liderar e terá de ser uma decisão de todos”, acrescentou, antes de fazer algo que há muito não fazia (aconteceu, por exemplo, no dia em que anunciou as principais conclusões da reestruturação financeira negociada com a banca, no primeiro mês de mandato): convidar os sócios para marcarem presença no auditório Artur Agostinho do estádio José Alvalade para comunicar e explicar, em primeira mão, o que fará.

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Dos títulos europeus ao resumo da AG, os “sinais” de Bruno de Carvalho no Facebook

“Porque, mesmo em democracia, não vale tudo. A partir desse momento, deixa de ser democracia para passar a ser uma anarquia. O Sporting merece mais!”, concluiu, sem dar mais tendências ou indicações. Assim, salvo algum imprevisto, deverão marcar presença no encontro os vices-presidentes Carlos Vieira e António Rebelo (Vicente Moura pediu a demissão durante este segundo mandato); os vogais Rui Caeiro, Bruno Mascarenhas, José Quintela, Alexandre Godinho, Luís Roque, Luís Gestas e Luís Loureiro; e os suplentes Jorge Sanches e Rita Matos.

De referir que, no encontro deste domingo no Estoril, todos os membros do Conselho Diretivo verde e branco seguiram os passos de Bruno de Carvalho (que após mais um castigo do Conselho de Disciplina anunciou que não iria a mais jogos fora a contar para o Campeonato) e não compareceram na Amoreira. O clube acabou por estar representado por André Geraldes. Antes do início do jogo, foi anunciado aos jornalistas presentes que o team manager do futebol falaria no final, algo que acabou por não se verificar após a derrota.

Supporting respondem após “saneamento” de Bruno de Carvalho

A banda Supporting, a primeira e uma das únicas em termos mundiais afeta apenas a um clube, fez também um comunicado esta segunda-feira de manhã abordando uma polémica que foi levantada nos últimos dias.

Em resumo, e depois de ter tido conhecimento na quarta-feira de uma publicação do vocalista, Pedro Marques, onde mostrava o desacordo com alguns dos pontos da revisão estatutária previstos para serem discutidos e votados na assembleia geral, Bruno de Carvalho terá decidido acabar com as músicas da banda no estádio e no pavilhão, mandando também retirar os CD que estavam à venda no novo espaço da Loja Verde e pedindo à claque Juventude Leonina para deixar de ser o “capo”. Mais tarde, no sábado, e durante a reunião magna, o líder leonino teve apenas uma frase sobre o tema (“Mas sou obrigado a gostar dos Supporting?”, disse). No entanto, a decisão não deixou de continuar a ser falada na blogosfera verde e branca, o que motivou o comunicado desta segunda-feira.

“O Sr. Presidente do Sporting não é de facto obrigado a gostar dos Supporting, apesar de os Supporting saberem que gosta. Aliás, já em diversas ocasiões o vimos cantar as músicas dos Supporting, que foram convidados inclusive para duas Galas, tendo até tocado mais músicas a seu pedido num concerto realizado na Madeira há dois anos atrás. A questão é que o Sr. Presidente Bruno de Carvalho, toldado pela dissidência de opinião com Pedro Marques, entendeu que Pedro Marques é os Supporting. Mas o erro é crasso e flagrante, daí que os Supporting tenham de esclarecer que nem Pedro Marques é os Supporting, nem o Sr. Presidente Bruno de Carvalho é o Sporting, sendo de facto o legítimo presidente eleito por cerca de 90% dos sócios votantes”, explicou a banda.

“Mesmo que o Sr. Presidente do Sporting não gostasse dos Supporting, também não caberia ao mesmo ‘sanear’ os Supporting por esse motivo, pois não foi eleito para ser ‘polícia da moda’ e contrariar o gosto de milhares de sportinguistas que se revêm nas músicas e nas letras dos Supporting, que apenas e sempre terão o Sporting como tema, sem falar dos outros, sem necessidade de menorizar ou atacar rivais ou simplesmente aqueles que têm opiniões ou gostos divergentes dos nossos. O Pedro Marques é o vocalista dos Supporting e continuará a sê-lo, tal como continuará a ser sócio do Sporting, pai de família e cidadão da República Portuguesa, estado de direito democrático onde se assegura a liberdade de expressão e onde não deverão existir delitos de opinião. Da parte dos Supporting, continuaremos, da nossa forma, humildemente, a elevar e celebrar o Sporting, dentro das nossas capacidades e possibilidades. Sem polémicas artificiais, sem fulanizações, sem outros cultos que não seja ao nosso grande amor, pela sua exaltação e engrandecimento, com esforço, com dedicação, com devoção em busca glória, pois esse é o Sporting!”, concluiu o comunicado dos Supporting.

“Da bancada viemos, para a bancada voltaremos”, diz lista independente do CL

Também esta segunda-feira, a lista independente ao Conselho Leonino que conseguiu cerca de 20% nas últimas eleições, elegendo assim dez elementos para o órgão, fez um comunicado para esclarecer a sua posição em torno do que se passou na assembleia geral e do futuro do próprio órgão que Bruno de Carvalho quer extinguir, tal como já tinha anunciado no programa eleitoral apresentado para o sufrágio de 2013.

“A defesa do Sporting obriga a que algumas matérias sejam discutidas em sede própria. No nosso caso, no Conselho Leonino e na Assembleia Geral, nunca em praça pública. Não faremos nunca ressonância a acusações ou tentativas de branqueamento de factos, nem nunca quebramos o nosso dever de sigilo e confidencialidade”, defenderam, ao mesmo tempo que rebateram algumas farpas deixadas pelo presidente verde e branco este domingo.

“A única vez que nos manifestámos foi apenas contra a decisão da Mesa de avançar para a discussão do ponto 6 sem ter dado seguimento à contagem dos votos sobre a decisão de rejeição do último requerimento, submetida a escrutínio e votação à Assembleia. Voltamos a repetir que votámos contra o requerimento em si. Por isso, a nossa solidariedade institucional com o Conselho Diretivo do Sporting foi total e o nosso protesto foi apenas contra a Mesa da AG e a forma como os trabalhos estavam a ser conduzidos”, explicaram.

“A nossa posição quanto à extinção do Conselho Leonino é sobejamente conhecida e consta do nosso programa eleitoral: transformação ou extinção. Quanto a tudo o mais que possa ser dito, apenas responderemos em sede própria, ou seja, no Conselho Leonino. O momento para fazermos um balanço sobre o nosso trabalho e esforço com vista ao integral cumprimento do nosso programa eleitoral será feito aos sócios no momento devido e cumprindo sempre com os nossos deveres de membros de um órgão social do Sporting. Da bancada viemos, para a bancada voltaremos. Foi o que prometemos”, concluiu a lista independente ao Conselho Leonino.

“Isto não é o Sporting!”, responde Bruno de Carvalho

Momentos antes do início da reunião com o Conselho Diretivo onde irá anunciar a decisão já tomada, Bruno de Carvalho leu os comunicados feitos pelos Supporting e pela lista independente do Conselho Leonino e respondeu também através do Facebook. “Isto não é o Sporting!”, atirou.

“A poucos minutos de uma importante reunião eis que aparecem os Supporting e Gonçalo Nascimento Rodrigues e seus ‘muxaxos’… Porque não emitiram um comunicado sobre esta notícia que saiu por todo o lado antes da AG? Porque não se revoltaram com os programas e programas de TV que disseram isto? Porque deixaram Pedro Marques andar a espalhar isto pelas redes? Fizeram disto um circo e esperavam ‘mimos’… Chega de hipocrisias e nunca se esqueçam que se existem foi esta Direção que vos deu o apoio necessário. Já nem falo de Gonçalo Nascimento Rodrigues e o seu chavão ‘da bancada viemos e para a bancada voltaremos’. Eu já perdi a paciência para chavões politicamente corretos quando fazem depois o contrário onde deveriam ter uma atitude de OS”, escreveu.