A Direção-Geral da Saúde indicou este sábado que as recomendações europeias no âmbito do rastreio do cancro colo-rectal continuam a ser a pesquisa de sangue oculto como teste primário, mas reconheceu que a colonoscopia tem maior capacidade de diagnóstico.

Em comunicado, a DGS adianta que “o rastreio do cancro colo-rectal é reconhecidamente uma necessidade, pela morbilidade e mortalidade associada a estas neoplasias, sabendo-se que os programas de rastreio podem ter um impacto significativo na redução de incidência e de mortalidade”.

Segundo a DGS, esta necessidade foi assumida a nível europeu, tendo sido recomendado a realização de um teste primário com pesquisa de sangue oculto nas fezes à população a partir dos 50 e sem fatores de risco, quando esta pesquisa é positiva é proposta a realização de colonoscopia.

A DGS sublinha que este programa diminui a mortalidade por cancro colo-rectal em aproximadamente 16% e a sua utilidade foi demonstrada através de estudos controlados, em rastreios de base populacional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entanto, reconhece que existem outras estratégias de realização de rastreio do cancro colo-rectal, nomeadamente a realização de teste primário com exames endoscópicos, designadamente a colonoscopia.

“Estes testes, com maior capacidade de diagnóstico de lesões pré-malignas, estão também associados a menores taxas de adesão ao rastreio, sendo que não existe disponibilidade no país para assegurar de forma integral a abordagem por endoscopia a todos os utentes abrangidos nos grupos-alvo”, realça a nota da DGS, dando conta que a maioria dos países com rastreio implementado de base populacional utiliza como teste primário a pesquisa de sangue oculto, como a Austrália, Holanda, Reino Unido, Itália, Irlanda, Croácia, França, Eslovénia, Japão e Coreia do Sul.

Para a DGS, “o mais importante é ter um programa em curso, independentemente do teste primário”, sendo que as recomendações europeias continuam a ser a realização de pesquisa de sangue oculto” e esta tem sido a prática da maioria dos países com programas de rastreio de base populacional.

Na quinta-feira, a propósito da reunião Monotemática da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), que hoje decorre, na Figueira da Foz, o presidente da SPG, Luís Tomé, defendeu uma discussão aberta sobre o melhor método de prevenir o tumor colorretal, que mata anualmente cerca de 4.000 pessoas em Portugal.

“As pessoas não se apercebem da dimensão da questão, mas é uma coisa verdadeiramente brutal. Estamos perante um problema em que há uma mortalidade oito vezes superior àquela que acontece como consequência dos acidentes de viação”, disse o especialista à agência Lusa, defendendo que todas as pessoas a partir dos 50 anos devem realizar uma colonoscopia.

Segundo Luís Tomé, a mortalidade associada ao cancro colorretal não para de aumentar em Portugal, enquanto outros países já conseguiram inverter essa tendência.