Um ex-aluno de 19 anos, Nikolas Cruz, foi acusado de 17 homicídios premeditados, depois de disparar esta quarta-feira vários tiros numa escola secundária de Parkland, a 70 quilómetros de Miami, no estado norte-americano da Flórida, deixando “numerosas” vítimas. Estão neste momento confirmados 17 mortos, de acordo com o xerife local, Scott Israel, que descreve a situação como “uma catástrofe”.

Fonte federal confirmou a identidade do suspeito à Associated Press. Trata-se de um ex-aluno de 19 anos identificado como Nikolas Cruz, que tinha sido expulso da escola Marjory Stoneman Douglas High School por razões disciplinares. O jovem foi detido pela polícia pouco depois do tiroteio.

[Veja no vídeo as imagens e sons do tiroteio. E a emoção em direto do especialista em contra-terrorismo da CNN]

[jwplatform 5H2rE3JL]

O responsável da escola Robert Runcieu descreveu a situação aos jornalistas como “terrível”. “Não sei o número exato de vítimas e de pessoas que estão a ser transportadas para os hospitais a esta altura, mas há numerosos mortos”, disse, confirmando a possibilidade de o atirador ser um jovem estudante. “Sim, é possivelmente um antigo estudante”, disse ao início da tarde, acrescentando que estava em custódia policial e que as autoridades acreditam que agiu sozinho.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De acordo com o xerife do condado de Broward, Scott Israel, o suspeito é um jovem de 19 anos, ex-aluno da escola onde tudo aconteceu. Aos jornalistas, afirmou que, depois de ter estado em fuga, o jovem foi detido sem incidentes. “É um dia terrível…é uma catástrofe”, disse ainda, acrescentando que uma equipa SWAT, de intervenção, está a revistar a escola para ter a certeza que não fica ninguém para trás, e que a investigação está a ser entregue ao FBI.

O tiroteio aconteceu pelas 15h locais (20h em Lisboa). A polícia aconselhou toda a gente a evitar a área. Aos estudantes e professores que estão dentro da escola, é-lhes dito que permaneçam barricados até a polícia chegar. “É para a segurança de toda a gente”, escreve o departamento da polícia local no Twitter. O atirador começou a ser descrito como um homem que usava roupa escura e um chapéu preto.

À WSVN 7News, um estudante, não identificado, disse que conhecia o atirador, identificando-o como um estudante daquela escola. “Ele é um miúdo problemático, dispara armas porque isso lhe dá emoção”, disse, acrescentando que o jovem em questão já lhe tinha mostrado imagens de armas no telemóvel.

A Casa Branca reagiu pouco depois, assim como o próprio presidente dos EUA. “Estamos a rezar por todos aqueles que estão a ser afectados por esta situação. Faremos actualizações assim que houver novidades”, declarou Lindsay Walters, responsável da Casa Branca. No Twitter, Donald Trump acrescentou que “nenhuma criança ou professor se devia sentir inseguro numa escola norte-americana”.

Esta quinta-feira, o presidente norte-americano discursou, defendendo que “nenhum pai devia temer pelos filhos e filhas quando lhes dão um beijo de despedida pela manhã“. Trump prometeu que vai colaborar com os líderes estatais e locais para tornar as escolas mais seguras. O presidente dos EUA planeia visitar Parkland, embora não tenha adiantado em que dia será a visita.

Tiroteio é o 18.º em meio escolar nos EUA

O tiroteio que ocorreu esta quarta-feira na Flórida é o 18.º incidente do género numa escola nos Estados Unidos desde 1 de janeiro, segundo ativistas, que frisam não haver nenhum país desenvolvido no mundo com um tal registo.

“É o 291.º tiroteio numa escola desde o princípio de 2013”, alertou Shannon Watts, fundadora da organização contra a proliferação de armas de fogo nos Estados Unidos “Moms Demand Action for Gun Sense in America”.

Muitos dos tiroteios ocorridos em escolas norte-americanas nunca chegam às primeiras páginas dos jornais nacionais, dada a banalidade com que ocorrem.

Há em média um tiroteio por semana numa escola, segundo a organização Everytown for Gun Safety, que defende o endurecimento das regras para a posse de armas individuais.

Três semanas antes, a 23 de janeiro, um aluno levou uma arma para o liceu, no estado de Kentucky, e começou a disparar à hora do início das aulas. Matou um rapaz e uma rapariga, ambos de 15 anos, como ele.

Na véspera, um adolescente tinha sido ferido a tiro na cantina do liceu, no Texas, e outro, de 14 anos, foi atingido a tiro no pátio da escola, em Nova Orleães.

Nos dias antes, tiros foram disparados contra autocarros ou estabelecimentos escolares no Iowa, Seattle, Califórnia.

Alguns casos passados provocaram forte comoção no país pelo elevado número de vítimas e a sua reduzida idade. Colombine, em 1999, Virginia Tech, 2007, ou o massacre de Sandy Hook, 2013, onde 20 crianças de 6 e 7 anos foram abatidas.