Não era propriamente um ato eleitoral mas acabou por ser algures entre um sufrágio e um referendo: cerca de 6.000 sócios passaram esta tarde por Alvalade, entre o Pavilhão João Rocha e o Multidesportivo (valor que, no interior do recinto, chegou a ser avançado na ordem dos 6.400, mas que foi entretanto revisto), para decidirem de forma direta e indireta, através da aprovação das alterações estatutárias e do novo regulamento disciplinar, o futuro de Bruno de Carvalho e restante elenco diretivo no clube em assembleia geral extraordinária.

Numa tarde globalmente calma, acabou por haver apenas um episódio onde os ânimos ficaram mais exaltados, pouco depois das 16 horas: Carlos Severino, antigo diretor de comunicação do clube e candidato derrotado nas eleições de 2013, teve de ser escoltado pela polícia quando abandonava as instalações após um momento mais aceso. Sendo um dos principais críticos em termos públicos do atual presidente, Bruno de Carvalho, Severino sentiu-se ameaçado, exerceu o direito de voto e saiu da reunião magna escoltado por um polícia. Foi também nessa altura que dois associados leoninos se aproximaram mais do antigo jornalista entre as críticas verbais que cerca de 15 associados faziam enquanto deixava o local. “Foi só um empurrão”, esclareceu.

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“Já tinha acautelado esta situação pois sabia que havia uma situação organizada, lá dentro comecei logo a ser insultado por alguns elementos mais jovens. O presidente da Mesa da Assembleia Geral teve um discurso impecável lembrando que os inimigos estão fora do Sporting, depois veio presidente criticar os que estavam lá dentro. Foi pouco prudente”, comentou ao jornal Record. “Têm sido vedetas da TV e passam informações ao Correio da Manhã e ao Vieira. Merecem ser felizes e quem sabe, votando todos não, lá poderá Seixas trabalhar na Academia e Severino ser o diretor da Sporting TV. Todos temos o direito a ter ambições. É preciso é voltar ao tempo dos favores e colocar todas as vozes incómodas a trabalhar dentro do clube para se calarem”, tinha dito Bruno de Carvalho na sua intervenção inicial sobre Carlos Severino e o ex-conselheiro leonino Carlos Seixas.

Acrescente-se que, após a intervenção inicial de Bruno de Carvalho, foi aberto o período de inscrições para todos os sócios que pretendem fazer uso da palavra na discussão dos três pontos em sufrágio esta tarde: a alteração dos estatutos, o novo regulamento disciplinar e a continuidade dos órgãos sociais. No final dessa fase, Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting, anunciou um total de 33 inscritos. De referir que também João Benedito, antigo capitão e campeão de futsal dos leões durante 20 anos apontado por alguns como o “campeão surpresa” que o presidente verde e branco tinha referido no final da lista dos “sportingados”, exerceu o direito de voto e saiu mais cedo do Pavilhão João Rocha, antes das 17 horas.

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Durante as intervenções, marcadas não só pelas palavras de apoio a Bruno de Carvalho mas também pelos “avisos” de quem se mostrou ao lado do presidente mas não concordou com o “ultimato” feito pelo líder para aprovar as alterações estatutárias, existiu um único incidente mas rapidamente resolvido: Pedro Marques, vocalista da banda Supporting com quem o líder verde e branco trocou algumas farpas antes e depois da AG de dia 3, chegou a ser impedido de falar por uma segunda vez por outro associado (que lhe vedou a possibilidade de dirigir-se ao microfone colocado nessa zona), quis abandonar o Pavilhão João Rocha mas acabou por regressar e subir de novo ao palanque após intervenção de algumas pessoas mais próximos e… do próprio Bruno de Carvalho, perante os aplausos dos demais presentes. Eduardo Barroso, antigo líder da Mesa da Assembleia Geral, foi um dos últimos a falar antes da contagem de votos (19 horas).

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Houve também alguma confusão no início da reunião magna à porta do Pavilhão João Rocha mas por razões logísticas e pelo excesso de associados que estavam presentes no local: com os 4.000 lugares completamente cheios e largas dezenas de pessoas cá fora ainda na fila para tentarem entrar, terá sido dito numa primeira instância que só depois de serem conduzidos ao Multidesportivo de Alvalade é que arrancaria a assembleia geral (estava montado um sistema que permitia assistir ao que se passava no Pavilhão através de vídeoconferência), algo que acabou por não confirmar-se. Ainda assim, esses associados acabaram por exercer normalmente o seu direito de voto. Depois, uns ficaram no Multidesportivo a acompanhar a reunião, outros voltaram para a porta do Pavilhão João Rocha esperando a oportunidade de entrarem e outros ainda deixaram o local, alguns voltando mais tarde.