A antiga ministra da Justiça durante o Governo de Pedro Passos Coelho, Paula Teixeira da Cruz, classificou este sábado de “traição” a escolha de Elina Fraga como vice-presidente do PSD. Em declarações ao Observador, Paula Teixeira da Cruz lamentou que “todos aqueles que criticaram e atacaram Pedro Passos Coelho e o seu Governo nas horas mais difíceis estão agora a ser premiados”. E acrescentou, com violência: “Esse prémio tem nome: chama-se traição”.
Paula Teixeira da Cruz destacou ainda a incoerência de Rui Rio sobre o facto de estar disponível para dialogar com o PS: “Não posso comentar porque ouvi uma coisa e o seu contrário. Para já, a posição de Rui Rio é ambígua”.
Elina Fraga respondeu a este domingo, em entrevista à RTP, às críticas de Paula Teixeira da Cruz, garantindo: “Nunca traí Portugal nem o meu partido“. Quando era bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga chegou a apresentar uma queixa-crime, em 2014, contra todos os membros do Governo de Passos Coelho por atentado ao Estado de Direito. A queixa visava todos os membros do Executivo PSD/CDS, incluindo Paula Teixeira da Cruz, que estiveram na reunião do Conselho de Ministros em que foi aprovado o mapa judiciário. Foi, por isso, apupada no Congresso do PSD no domingo quando o seu nome foi anunciado como vice-presidente.
Em entrevista à RTP no último dia do Congresso, Fraga justificou a decisão de apresentar a queixa-crime com as funções que ocupava na instituição que dirigia: “Não foi uma decisão pessoal. Não me arrependo, cumpri a função de bastonária da Ordem dos Advogados”.
A escolha caiu mal noutros sociais-democratas, caso de Hugo Soares que, citado pelo Público, diz respeitar as escolhas do líder, para logo a seguir acrescentar que “é evidente que me custa saber que contamos com alguém que fez uma queixa-crime contra uma ministra muito corajosa”.
[“Onde é que elas estão?”, perguntou-se no congresso. Veja no vídeo]
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Já à Lusa, David Justino desvalorizou a questão, discordando da opinião de Paula Teixeira da Cruz. O candidato a vice-presidente do PSD diz, em defesa de Elina Fraga, que “qualquer cidadão tem o direito de recorrer aos instrumentos de justiça ao seu dispor para contrariar uma decisão”.
Artigo atualizado com reações às declarações de Paula Teixeira da Cruz