Ainda nem 24 horas passaram desde que foi entronizado, no Congresso do PSD, e Rui Rio já esteve reunido com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Foi um encontro de “cumprimentos”, “como é normal depois de uma eleição”, e ainda para mais sendo Marcelo alguém com quem Rio tem “particular afinidade”, mas no espaço de 1h30 — que foi quanto durou a reunião — deu para falar de muitos outros assuntos. Aos jornalistas, no final do encontro, Rio disse que a “mensagem principal” que passou ao Presidente foi a de que o PSD está totalmente disponível para o diálogo com “outros partidos”, com vista à concretização de reformas. Mas ainda não tem propostas concretas: “Depressa e bem não há quem”.
“Em linha com o que decorreu do Congresso, e com o que eu disse no Congresso, viemos aqui mostrar a nossa predisposição para colaborar e dialogar com todos os partidos para que se consiga fazer algumas reformas e abordar temas que de outra forma não era possível”, disse, especificando mais à frente que esse diálogo será “com todos os partidos, não apenas entre dois partidos”. Sabe-se que há já um encontro em vista com o primeiro-ministro, António Costa, mas Rio não adiantou quando. Mas não só. Assunção Cristas também está no topo dos encontros prioritários:
“Vou encontrar-me também com outros líderes partidários, nomeadamente com a líder do CDS, mas ainda não há data marcada”, disse.
O que também ainda não há são áreas prioritárias e propostas concretas para esses entendimentos de regime. Sobre isso, Rio remeteu para os órgãos da direção do partido, que se vão reunir esta semana para começar a trabalhar nesse sentido, sendo que também é preciso ouvir os outros partidos antes de estabelecer prioridades. “O Congresso terminou às 16h da tarde de domingo, como é que queria que já houvesse propostas concretas? Depressa e bem não há quem”, ironizou.
“Militantes merecem uma explicação” sobre Elina Fraga
Questionado pelos jornalistas sobre a polémica escolha da ex-bastonária da Ordem dos Advogados, Elina Fraga, para a vice-presidência do partido, Rui Rio disse que o tema “não foi abordado” com o Presidente da República, mas admitiu que os militantes “merecem explicações”. Não aqui e não agora, mas também não especificou onde nem quando.
Merecem as explicações todas, mas não é aqui na sequência de uma reunião com o Presidente da República, onde naturalmente esse assunto não foi abordado”, disse.
O Orçamento do Estado para 2019, segundo Rui Rio, também não esteve em cima da mesa — “ainda estamos em fevereiro” –, mas, numa altura em que o Presidente da República já começou a chamar os partidos para abordar esse tema, seria de esperar que fosse um assunto abordado no decorrer da reunião de mais de uma hora e meia. Há quem, no PSD, peça a Rio que diga já que vai votar contra o último OE da “geringonça”, mas o novo líder do PSD tem empurrado o assunto por ser extemporâneo.
Certo é que Rio e Marcelo falaram sobre “a situação portuguesa”. Acompanhado do novo secretário-geral Feliciano Barreiras Duarte, e dos vice-presidentes Nuno Morais Sarmento, Manuel Castro Almeida e Isabel Meirelles, Rui Rio fez até questão de sublinhar que o Presidente da República é alguém com quem “temos uma particular afinidade”. Sobretudo o próprio Rio, já que trabalharam juntos “há 20 anos”, quando o agora líder do PSD foi secretário-geral do então líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa.