Luís Marques Mendes apontou uma enxurrada de críticas à semana inaugural de Rui Rio como líder do PSD no seu comentário dominical na SIC: o novo líder do PSD pecou por “ação e omissão” em relação ao grupo parlamentar, foi “mesquinho” com Hugo Soares, adotou temas que dão a ideia de ser uma “muleta” de António Costa, e a escolha de Elina Fraga para vice-presidente foi um “disparate monumental”. Em relação a Fernando Negrão, Marques Mendes não ilibou os deputados de culpas, mas disse que se estivesse no lugar do presidente do grupo parlamentar não tomava posse.

A primeira marca de Rui Rio no arranque da sua liderança, segundo o comentador social-democrata, foi “demarcar-se de Pedro Passos Coelho” para mostrar que é o “anti-Passos” e provar que “houve uma mudança de líder e de ciclo”. Para dar três exemplo, Marques Mendes enumerou o “diálogo com Costa”, o “confronto com o grupo parlamentar” e a escolha de Elina Fraga: “Pedro Passos Coelho tinha uma política de justiça e ele mostra que tem um política de justiça diferente”. Mas foi uma diferenciação negativa, segundo Marques Mendes:

É bom haver uma demarcação em relação a Passos: com base em causas é bom, mas com base em casos… e até ao momento só há casos”.

Os comentários não foram meigos. Em relação ao conflito com os deputados do PSD, Marques Mendes — que foi líder parlamentar durante a liderança de Marcelo Rebelo de Sousa — classificou todo o episódio como “grave, gravíssimo, e profundamente lamentável”. O comentador disse que “Rui Rio tem culpa por omissão e por acção”. Primeiro, por estar eleito há mês e meio e ainda não se ter reunido com os deputados. Segundo, pela forma como tratou o líder parlamentar em exercício: “Fez uma provocação mesquinha ao não convocar Hugo Soares para a Comissão Política, onde por estatutos tem lugar. Não é uma questão de cortesia. Isso não devia ter feito. É deitar gasolina para cima de uma fogueira”.

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Em relação ao caso da votação para o líder parlamentar, Mendes entende que Fernando Negrão foi mais “vítima que réu neste processo”. O comentador criticou a atitude dos deputados — 60% votaram branco ou nulo — mas também disse que nesta situação não ficava nas funções: “No lugar dele tinha-me ido embora. Ele tem legitimidade jurídica e política para ficar, tem é uma legitimidade fraca, mas tem”.

Se a apreciação sobre os “casos” foi negativa, a opinião do ex-líder do PSD sobre a estratégia de Rui Rio também não foi positiva. Evidenciou o desaparecimento do PSD “desde as autárquicas, cinco meses”. E sublinhou: “Ora o líder da oposição começou o seu mandato a negociar com o Governo, a dialogar em vez de fazer o oposição em matérias como a Saúde ou outra. É um pouco original…”

Rui Rio partiu para negociar alguns acordos de regime com Costa. Subscrevo em absoluto, mas estes dois temas são a agenda do primeiro-ministro, são a agenda e os acordos que Antonio Costa deseja. E os acordos que Rui Rio deseja? Segurança Social, Justiça, Reforma do Estado, onde estão? Se não impõe alguma coisa da sua agenda, parece uma muleta do Governo”.

Sobre o “caso” de Elina Fraga, Marques Mendes disse que “já ficou clarinho que foi um disparate monumental aquela escolha”. A seguir, manteve o tom duro: “O problema é que não é só desgaste, contestação e populismo, ou uma imagem de despesismo e falta de rigor de Elina Fraga. É mais do que isso. E acrescentou: “É uma matéria de política de Justiça. É conhecida porquê? Porque é contra o Ministério Público, contra a intervenção do Ministério Público”. E se Fernando Negrão “elogia em público o Ministério Público”, o que pensa Rui Rio? “Convinha pôr ordem na casa”, aconselhou Marques Mendes.