No passado sábado, a brasileira Marielle Franco, vereadora da câmara do Rio de Janeiro pelo PSOL, insurgiu-se nas redes sociais contra a ação da Polícia Militar (PM) brasileira no bairro de Acari: “O que está a acontecer (…) é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41º batalhão da PM é conhecido como Batalhão da Morte. (…) CHEGA de matarem nossos jovens”. Esta quarta-feira, Marielle Franco foi brutalmente assassinada “com, pelo menos, quatro tiros na cabeça”, refere o portal da Globo, G1. Foram encontradas “nove cápsulas de tiros no local”, acrescenta o órgão noticioso.

Há apenas dois dias, a vereadora do Rio de Janeiro havia reforçado as críticas sobre a ação da Polícia Militar no Brasil. A intervenção do Exército nas ruas da cidade tem sido polémica mas há muito que as autoridades brasileiras são alvo de críticas por alegados abusos policiais sobre a população.

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Ativista, defensora dos direitos humanos, Marielle Franco tinha 38 anos. Foi baleada mortalmente na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio de Janeiro. O motorista que a transportava, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e, tal como ela, morreu. Uma terceira ocupante do veículo não foi diretamente atingida (sofreu apenas com estilhaços) e sobreviveu. Segundo o G1, o homicídio aconteceu quando um carro parou ao lado do veículo que transportava Marielle Franco. Do interior deste carro foram disparados os tiros que mataram Marielle e Anderson Gomes.

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O Brasil entrou em choque com a morte da vereadora, que em 2016 foi a quinta mais votada do Rio de Janeiro. O Jornal da Globo indica que a polícia brasileira investiga neste momento a possibilidade de este ter sido um homicídio encomendado. O cientista político brasileiro Luiz Eduardo Soares foi um dos que se insurgiu nas redes sociais, alertando para os “segmentos corruptos e brutais das polícias”.

Quando a população vai despertar e entender que a insegurança pública começa nos segmentos corruptos e brutais das polícias, e que não podemos conviver mais com esse legado macabro da ditadura? Vamos continuar falando em “desvios de conduta individuais”? O que fazer, agora, além de chorar?”, perguntou Soares, que recordou a morte da juíza Patricia Acioly às mãos da polícia brasileira, em 2011.

A Amnistia Interancional também já reagiu ao homicídio, dizendo que “não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco”, uma cidadã, lembra a organização, “reconhecida pela sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial”. Na noite anterior ao homicídio, Marielle Franco participara num painel de debate intitulado “Jovens Negras Movendo as Estruturas”.

As manifestações de revolta perante o crime têm-se sucedido por todo o Brasil esta quinta-feira. Também em Lisboa estão a ser organizadas manifestações: esta quinta-feira na Praça Luís de Camões, às 18h e na segunda-feira na Praça da Figueira, também às 18h. No Porto, em simultâneo com a manifestação lisboeta de segunda-feira na Praça da Figueira, decorrerá mais uma ato público que pretende evocar o legado feminista de Marielle Franco e mostrar indignação face ao seu assassínio. Tem como título “Marielle Franco, Presente! O mundo não se cala” e acontecerá em frente ao Consulado-Geral do Brasil no Porto, na Avenida de França.

Perante o sucedido, o humorista brasileiro Gregorio Duvivier mostrou a sua indignação no Facebook:

https://www.facebook.com/gregorioduvivier/photos/pb.203544913040809.-2207520000.1521213941./1725634657498486/?type=3&theater

Nota – Editado às 15h24 de sexta-feira, 16/3/2018, com inclusão de referência a manifestação organizada no Porto