A EDP pagou um bónus de perto de 20 milhões de euros às construtoras investigadas no caso Lava-Jato e na Operação Marquês, a portuguesa Lena e a brasileira Odebrecht, avança a edição desta sexta-feira do Público. O bónus não justificado fez com que o custo da Barragem do Baixo Sabor, em Trás-os-Montes, subisse 55% para 760 milhões de euros. A verba adicional foi exigida pelas construtoras, sem justificação aparente, e o acordo foi selado entre advogados.

Fonte oficial da EDP disse ao Público que os perto de 20 milhões de euros se deveram a “custos adicionais” que resultaram de “atrasos na obra” e de um “conjunto de trabalhos que não estavam especificados nos preços contratuais acordados”. A decisão de António Mexia não agradou a todos os administradores da EDP, que consideram que o pagamento “carecia de fundamentação”. Em 2016, colaboradores da Odebrecht revelaram que a construtora pagou 750 mil euros em subornos relacionados com a barragem do Baixo Sabor.

Para esclarecer se tinham existido irregularidades no contrato, António Mexia contratou a EY Portugal para fazer uma auditoria externa. Este pedido surgiu depois de o Ministério Público ter aberto uma investigação à construção da barragem, por suspeitar que houve corrupção e subornos. Segundo a empresa, esta auditoria já foi concluída. A Barragem do Baixo Sabor foi uma iniciativa de José Sócrates, explica o mesmo jornal. Em 2007, a EDP abriu um concurso público internacional para seleccionar o construtor e ganhou a Lena, apesar de não ter experiência neste tipo de obra, que fez uma parceria com a brasileira Odebrecht. O plano passava por inaugurá-la em 2013, mas isso só aconteceu três anos depois.

De acordo com os relatos da responsável pelo Sector das Operações Estruturadas da Odebrecht, Maria Lúcia Tavares, às autoridades brasileiras, houve seis transferências de subornos pagos no quadro da Barragem do Baixo Sabor e esta informação foi incluída na Operação Marquês. A história não se fica por aqui. O ex-publicitário do PSD André Gustavo Vieira da Silva terá enviado um email, depois de Pedro Passos Coelho ter sido eleito primeiro-ministro em 2012, a propor que os contactos entre a EDP e as empreiteiras Odebrecht e Lena fossem agilizados. A EDP disse ao Público que que desconhece estes emails. O publicitário foi detido no final de Julho de 2017 por corrupção no quadro do Lava-Jato. A sua ligação ao ex-primeiro-ministro surge a partir de Miguel Relvas, de quem era amigo. O social-democrata chegava a passar férias em casa do publicitário.

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