O secretário de Estado da Cultura britânico, Michael Ellis, proibiu temporariamente a exportação do telefone-lagosta branco de Salvador Dalí e Edward James que se encontra no Reino Unido. O objetivo da proibição é dar aos colecionadores de arte britânicos a oportunidade de adquirem a peça, avaliada em cerca de 850 mil libras (cerca de 972,4 mil euros), e impedir a sua saída do país.
O telefone, Lobster Telephone (White Aphrodisiac), é um dos 11 comissariados pelo poeta inglês Edward James, patrono do artista catalão e defensor do movimento surrealista, em 1938. Diz a história que a inspiração para a peça surgiu em 1936, quando Dalí e James estavam a comer lagostas num restaurante e uma das carapaça caiu em cima de um telefone (por razões que nunca foram totalmente esclarecidas).
Das 11 peças, sete foram pintadas de branco e as restantes de vermelho. A que foi recentemente posta à venda é a última de cor branca que se conhece no Reino Unido. Os restantes telefones-lagosta estão espalhados por todo o globo, com um exemplar a pertencer ao Museu Berardo, em Lisboa.
A decisão de proibir temporariamente a venda do telefone-lagosta surge na sequência de uma recomendação do Comité de Revisão da Exportação de Obras de Arte e Objetos de Interesse Cultural (RCEWA) britânico. Richard Calvocoressi, membro do RCEWA, salientou à Press Association que o telefone-lagosta de Salvador Dalí é “um conceito clássico surrealista, que faz lembrar as esculturas-armadilhas da fase surrealista de Giacometti”. Além disso, a obra de arte “também antecipa em cerca de meio século as esculturas feitas de objetos manufacturados e formas naturais de artistas como Jeff Koons e Damien Hirst”.
A proibição é válida até 21 de junho, com a possibilidade de ser estendida até 21 de setembro. Para Michael Ellis, o telefone deve permanecer no país já que foi concebido no Reino Unido. “É importante manter grandes obras de arte neste país e espero que seja encontrado um comprador que salve o telefone em nome da nação”, disse o secretário de Estado, citado pelo The Guardian, salientado que Salvador Dalí “é um dos grandes artistas do século XX”.