A bolsa nova-iorquina encerrou esta terça-feira em forte baixa, arrastada pelas perdas pesadas do setor da tecnologia, lideradas pela Facebook, mas que estão a atingir outros pesos pesados da Internet.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o emblemático índice Dow Jones Industrial Average recuou 1,43% (344,89 pontos), para as 23.857,71 unidades. O tecnológico Nasdaq perdeu mais do dobro, ao desvalorizar 2,93% (211,74), para os 7.008,81 pontos. O índice alargado S&P500, por seu lado, abandonou 1,73% (45,93), para os 2.612,62.

“Várias empresas tecnológicas lideraram a descida dos índices”, sintetizou Art Hogan, da Wunderlich Securities, mas foi o Facebook a dar nas vistas pela negativa no setor das tecnologias. A empresa que gere a rede social prosseguiu a sua descida vertiginosa, com uma nova perda (-4,92%), quando foi denunciado que a sociedade Cambridge Analytica, que está no centro do escândalo sobre a utilização indevida de dados pessoais de utilizadores do Facebook, teria tido “um papel crucial” no referendo que aprovou a saída do Reino Unido da União Europeia.

Evolução das ações do Facebook no último mês. É bem visível a queda contínua desde o dia 16 de março.

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A empresa dirigida por Mark Zuckerberg já perdeu quase 18% desde o início do escândalo, há pouco mais de uma semana e acumula uma desvalorização de 14% desde o início do ano. O efeito Facebook já contagiou outros gigantes da Internet.  A rede social Twitter foi afetada fortemente por uma nota da sociedade ativista Citron Research, que sugeriu a aposta na descida da sua cotação, devido ao aparecimento do escândalo Facebook, e desvalorizou 12,03%.

A Alphabet, a ‘holding’ da Google, sofreu com o relançamento pela justiça dos EUA de um ‘dossier’ que opõe a Google ao especialista em programas informáticos Oracle, num caso de direitos de autor, e perdeu 4,47%. “Quando o mercado toma uma tal direção, ninguém vai tentar apanhar a faca que cai”, acrescentou Hogan.

A estes fatores de perturbação acresce a ainda não afastada ameaça de guerra comercial entre a China e os EUA. “Os problemas comerciais ainda ocupam uma grande parte das inquietações dos investidores”, observou Shawn Cruz, da TD Ameritrade. Este analista sinalizou ainda a forte descida das taxas de juro da dívida norte-americana, com as obrigações do Tesouro a 10 anos a passarem de 2,852% na segunda-feira à noite para 2,780% e as a 30 anos a passarem de 3,086% para 33,030%.

“Estas descidas sugerem que os investidores estão à procura de ativos menos arriscados”, leu Cruz.

Sensíveis às taxas de juro, as ações do setor financeiro recuaram de forma clara, com o subíndice do S&P500 que os junta a desvalorizar 1,98%.