O Grupo Jaguar Land Rover está imparável, atravessando uma fase em que tudo o faz parece perfeito, e tudo em que aposta sai-lhe bem. Poderíamos dizer que é sorte, mas este parece ser um daqueles casos em que quanto mais trabalha e analisa os temas, mais “sorte” tem. E se compararmos o desempenho quer da Jaguar quer da Land Rover, hoje propriedade do indiano Tata, com o que estes fabricantes exibiam quando eram controlados pela americana Ford, então a diferença é abismal. Com vantagem para os indianos, apesar destes não terem, até aqui, qualquer tipo de experiência em marcas de luxo, ou mesmo deste calibre.

Vem isto a propósito de duas decisões, quase em simultâneo, em que a Jaguar se revelou exímia na arte de acertar na mouche. Começou com o I-Pace, SUV pequeno e luxuoso do qual ainda se sabe pouco, excepção feita para o facto de fazer a vida negra às versões mais acessíveis – vulgo menos potentes – do Model X da Tesla. E elevando perigosamente a fasquia para os Mercedes e Porsche que vêm aí. Parte do bom desempenho anunciado pelo I-Pace fica a dever-se à performance das suas baterias e gestão de energia. Foi aqui que a Jaguar surpreendeu, pois ao contrário das marcas do Grupo Volkswagen, que optaram por comprar acumuladores no mercado, seleccionando uma mão cheia de fornecedores, o fabricante britânico resolveu associar-se à Panasonic, associada da Tesla desde o princípio da sua aventura eléctrica.

É óbvio que haverá muita tecnologia que será exclusiva da parceria com a marca americana. Mas a Jaguar, ao trabalhar com os japoneses da Panasonic na competição – são parceiros na Fórmula E – e nos carros de série, extrairá as devidas vantagens  neste domínio, como aliás parece ser evidente, o que lhe assegura algum conforto face à maioria dos concorrentes.

Depois da Panasonic, a Waymo

Uma vez produzido, o I-Pace será o veículo de luxo e pequenas dimensões – utilizando as palavras do CEO da Waymo – escolhido pela divisão de veículos autónomos da Google para a sua frota de ride-hailing, através de uma aplicação.

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Os 600 monovolumes Chrysler Pacifica híbridos continuam ao serviço, com a Waymo a procurar igualmente um parceiro que lhes forneça um carro de menores dimensões. Mas o I-Pace promete ser a proposta para quem não necessita de muito espaço e faz questão de se deslocar com algum conforto. Veja aqui o que representa e com funciona.

O primeiro I-Pace da frota da Waymo vai entrar em fase de testes no final de 2018, não devendo transportar clientes antes de 2020, quando os 20.000 veículos envolvidos nesta parceria estiverem produzidos. Até lá, os clientes podem apenas deslocar-se nos Chrysler Pacifica. Contudo, ao contrário destes, os Jaguar serão equipados de origem com todo o equipamento necessário à condução autónoma – radares, LiDAR, câmaras e sensores –, o que vai originar um veículo com um aspecto mais sofisticado e definitivo, especialmente quando comparado com os Chrysler.

À semelhança do que acontece com o Grupo Fiat Chrysler Automobiles, também a Jaguar (e certamente a Land Rover) se posicionam para terem acesso em condições vantajosas ao sistema autónomo da Waymo, solução que parece estar largamente – para não dizer esmagadoramente – à frente da concorrência. Outra boa decisão da marca inglesa, que chega tarde aos veículos sem condutor, mas recupera parte do atraso ao “casar” com a melhor tecnologia. E os 20.000 I-Pace serão um pequeno preço a pagar para, de repente, aceder à ‘primeira liga’ no que respeita aos carros sem condutor.