A crise diplomática originada pelo envenenamento do antigo espião Sergei Skripal e da sua filha Yulia já levou à ordem de expulsão de cerca de 300 diplomatas, segundo a contabilização da agência de notícias AFP.
A 14 deste mês, o Reino Unido anunciou a expulsão de 23 diplomatas russos, uma manobra diplomática que foi seguida nos últimos dias por muitos países ocidentais, pela Ucrânia e pela NATO, o que afetou mais de 150 membros de representações diplomáticas da Rússia em dezenas de países.
Na sexta-feira, a Rússia chamou os embaixadores de 23 países para anunciar que receberiam uma retaliação idêntica à que haviam decretado contra os russos, o que eleva para mais de 300 os diplomatas afetados pela maior onda de expulsões diplomáticas da história.
Só nos Estados Unidos, 60 diplomatas e funcionários russos terão de abandonar o país, anunciou a Casa Branca, dando corpo à “maior expulsão” de agentes de informação russos na história do país, segundo um alto funcionário do Governo de Donald Trump citado pela AFP.
O consulado russo em Seattle também será encerrado, anunciaram as autoridades norte-americanas, o que motivou da parte da Rússia uma resposta semelhante: expulsão de 60 diplomatas e funcionários norte-americanos e fecho do consulado norte-americano em São Petersburgo.
Na União Europeia, foram 18 os países que seguiram os procedimentos de Londres, ordenando a expulsão de mais de 30 diplomatas russos, além dos 23 que foram inicialmente mandados sair do Reino Unido.
Estas expulsões foram anunciadas pela Alemanha (quatro expulsões), França (quatro), Polónia (quatro), Lituânia (três), República Checa (três), Espanha (dois), Itália (dois), Holanda (dois), Dinamarca (dois), Suécia (um), Letónia (a), Roménia (um), Croácia (um), Finlândia (um), Estónia (um), Hungria (um), Irlanda (um) e Bélgica (um).
O Presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, sublinhou que “medidas adicionais, incluindo novas expulsões, não estão excluídas nos próximos dias e semanas”, tornando claro que a crise diplomática não está perto do fim.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que a Aliança Atlântica, com sede em Bruxelas, iria retirar as credenciais a sete diplomatas russos e rejeitar o pedido de mais três credenciais.
A Ucrânia anunciou a expulsão de 13 diplomatas russos, “num espírito de solidariedade” com os parceiros britânicos e com os aliados transatlânticos e em coordenação com os países da UE.
O Canadá decidiu expulsar quatro diplomatas, tendo também rejeitado três pedidos de pessoal diplomático adicional por parte do Governo russo.
A Austrália ordenou a expulsão de dois diplomatas russos e a Noruega, Montenegro e Macedónia anunciaram a expulsão de um diplomata russo, somando-se dois na Albânia e três na Moldávia.
Portugal foi um dos países que, juntamente com a Eslováquia, Bulgária, Luxemburgo e Malta, chamaram embaixadores para conversações, mas não expulsaram diplomatas russos.
Depois do anúncio destes países, a Rússia anunciou que iria retaliar proporcionalmente, criticando as medidas tomadas por Londres sem provas e reafirmando a sua inocência na utilização de um agente químico para envenenar o antigo espião Skripal e a sua filha.
Na sexta-feira, já depois de ter decretado a saída de 23 britânicos, a Rússia disse que as autoridades do Reino Unido devem reduzir o seu pessoal na Rússia “em mais 50 pessoas” para que o número de saídas recíprocas fique equiparado.
Ao todo, quase 60 os europeus, canadianos e australianos deverão sofrer o mesmo destino dos russos; em relação à União Europeia, há quatro alemães, quatro franceses, quatro polacos, três checos, três lituanos, dois italianos, dois espanhóis, dois dinamarqueses, um holandês, um estónio, um letão, um finlandês, um sueco, um romeno, um croata e um irlandês.
Fora da UE, 13 ucranianos e três moldavos também serão expulsos.
Dois albaneses e um norueguês sofreram o mesmo destino e um macedónio deve também receber ordem de saída.
Quatro canadianos e dois australianos também devem deixar a Rússia.