O “governo sombra” de Rui Rio no PSD continua a ganhar forma. O antigo patrão de Pedro Passos Coelho, Ângelo Correia, será o coordenador para a área da Defesa do Conselho Estratégico Nacional do PSD, segundo avançou o jornal Eco. O antigo ministro da Administração Interna explicou ao Observador que aceitou o convite de Rui Rio porque “o país precisa de ajuda” e de “pessoas que dêem ideias”. Nos últimos anos Ângelo Correia tornou-se crítico do “passismo” e defendeu várias vezes que preferia ver Rui Rio como líder do PSD.
Desde a zanga com Passos Coelho — de quem chegou a ser uma espécie de conselheiro — que Ângelo Correia não participava na vida interna do PSD. E mesmo aí, era uma ligação mais a nível pessoal, via Passos. Quanto a um cargo partidário, é preciso recuar à presidência de Luís Filipe Menezes: Ângelo Correia foi presidente da Mesa do Congresso entre 2006 e 2007.
Ângelo Correia nega, porém, que este seja um regresso à política ativa. “Ai de mim, meter-me na política. Vou apenas dar opiniões e só numa área na qual trabalho há 40 anos.” Sobre o que poderá marcar a diferença no programa do PSD face ao do PS em matéria de Defesa, Ângelo Correia explica que o ponto não está aí, já que “muitas vezes, os programas dos partidos são iguais”.
Sem querer, neste momento, levantar muito o véu sobre o que pensa em matéria de Defesa, Ângelo Correia defende que “a NATO é fundamental”. O antigo governante acrescenta que “muitos dos objetivos iniciais [da organização] mantêm-se”, mas para outros é preciso haver um maior acompanhamento. Numa altura em que Moscovo está numa crise diplomática com a Europa e os EUA, Ângelo Correia admite que “ainda há bastante contraponto com a Rússia” nos objetivos desta organização.
O jornal Eco adianta ainda que o porta-voz da Defesa deverá ser o madeirense Correia de Jesus. Nos últimos dias têm sido conhecidos vários nomes para as pastas do “governo sombra” de Rui Rio:
- Saúde — Luís Filipe Pereira, antigo ministro da Saúde de Cavaco Silva.
- Finanças Públicas – Álvaro Almeida, candidato do PSD à Câmara do Porto nas últimas autárquicas, que terá como porta-voz Joaquim Sarmento, que é professor auxiliar de Finanças no ISEG e foi assessor económico de Cavaco Silva.
- Reforma do Estado e Descentralização – Álvaro Amaro, presente da câmara da Guarda e defensor do movimento pelo interior, que terá como porta-voz Barbosa de Melo, professor na Faculdade de Economia de Coimbra e vereador da câmara de Coimbra.
- Solidariedade e bem estar – Silva Peneda, ex-presidente do Conselho Económico e Social, que terá como porta-voz António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
- Administração Interna – Matos Correia, deputado do PSD.
- Agricultura – Arlindo Cunha, ex-ministro de Cavaco Silva para a Agricultura.
O Conselho de Estratégico Nacional será presidido pelo vice-presidente do PSD David Justino.
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