Depois da Liberty Media ter assumido o controlo da Fórmula 1 (F1), e perante o pânico generalizado causado pelo movimento #MeToo, foi decidido acabar com a presença das modelos nas grelhas de partida para os Grande Prémios de F1 na época de 2018, substituindo-as por crianças, no que foi uma decisão no mínimo polémica em algumas partes do globo. Mas esta opção orientada pelo politicamente correcto esteve longe de gerar unanimidade, sendo cada vez mais os países que não só contestam, como fazem saber que não irão respeitar a medida.

O mais recente país a aderir àquilo que parece ser o #queremosasmiúdasdevolta foi a Rússia, com o vice-primeiro ministro Dmitry Kozak a insistir que Putin quer as modelos de volta na corrida que vão organizar mais uma vez no circuito de Sochi, em Outubro. Sergey Vorobyev, o promotor da prova confirmou a posição de Kozak, defendendo que “a Rússia, como país organizador do seu Grande Prémio, tem todo o direito à sua opinião, pelo que vamos reunir-nos com a Formula One Management”, a entidade que rege os direitos e os contratos da modalidade.

As nossas modelos são absolutamente deslumbrantes e se elas não estiverem a animar a grelha e as boxes vai ser uma pena para o evento, bem como para a cobertura televisiva e fotográfica”, afirma ainda Sergey Vorobyev.

O responsável russo acrescenta que “nada tem contra as crianças, mas para a audiência e para os patrocinadores, a presença das modelos é importante”.

A Rússia não está obviamente só nesta posição e se de o país de Putin são de esperar umas tomadas de posição mais irreverentes, curiosamente elas estão em total sintonia com um dos países mais tradicionais entre os que recebem o circo da F1. Referimo-nos ao Mónaco, cujo Grande Prémio é o mais importante da época e a quem sempre foi permitida uma maior liberdade organizativa, num espectáculo que decorre sob o olhar atento da família real. Michel Boeri, o responsável pelo Automobile Club de Monaco, insistiu em diversas ocasiões que as raparigas, tradicionalmente vestidas – ou despidas – com as cores da TAG, vão embelezar a grelha do seu Grande Prémio, o evento mais importante do ano para o principado.

Outra das provas que já fez saber que sem modelos na grelha e nas boxes não há corrida digna desse nome, foi o Grande Prémio de Singapura, que tradicionalmente tem as miúdas patrocinadas pela companhia aérea local, que são vistas como as embaixadoras da corrida, para gáudio do público, em casa e no circuito. Mas se a Liberty Media abre a porta a estes organizadores, tem de a escancarar para entrarem todos os outros, uma vez que todos alegam que é muito gira a ideia das crianças, mas retirar as modelos vai penalizar as organizações na bilheteira e na cobertura mediática. E não são apenas os organizadores a aplaudir o regresso das modelos, pois também os pilotos, como o campeão mundial Lewis Hamilton, saúdam – de forma bastante religiosa, diga-se de passagem – o regresso das grid girls:

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