O ministro das Finanças afirmou esta quarta-feira no Parlamento que o problema da ala pediátrica do Hospital São João “está identificado há uma década” e que, apesar de ter passado pelas mãos de vários governos, “nada foi feito”. Mário Centeno garante que o investimento foi aprovado e vai avançar, mas não diz quando, nem em que condições. O CDS-PP acusa o ministro de estrangular os hospitais e que há mais serviços dos hospitais paralisados pelo controlo orçamental.

O caso da ala pediátrica do Hospital de São João, no Porto, aqueceu os ânimos na audição de Mário Centeno no Parlamento sobre as dívidas dos hospitais logo na primeira intervenção, com o CDS-PP e o ministro a trocarem acusações sobre o caso que tem estado nos jornais, depois de notícias em que crianças com cancro fazem quimioterapia nos corredores do hospital por falta de instalações.

A deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto, falando sobre o caso, disse que o ministro “arrisca-se a ficar conhecido no seu país como o ministro que permitiu que crianças com cancro fossem tratadas de forma miserável”.

Mário Centeno respondeu à deputada dizendo que estranhava o desconhecimento da situação, porque #o problema da ala pediátrica do São João está identificado há quase uma década”.

“Passou por muitos governos, por muitos ministros das Finanças e nada foi feito. E não sei se podia ser”, disse, para logo de seguida lembrar que dois membros do governo anterior, um deles o ex-primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, estiveram no Hospital para “dois lançamentos falhados”, porque foram fazê-lo sem dinheiro e sem planeamento.

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Mário Centeno disse que depois de o ministro da Saúde ter tomado conhecimento da situação, durante uma visita ao Hospital em março de 2016, o Governo criou um grupo para estudar o caso e que o investimento na ala pediátrica do São João foi aprovado, em conjunto com outros investimentos na Saúde, e que irá avançar, mas “de forma concreta”. No entanto, o ministro não concretizou nem o calendário, nem quantificou o investimento ou a forma como ele será feito.

“Podemos fazer mais ou menos alarido sobre isso. Podemos tirar mais fotografias sobre o assunto. A mim ninguém me verá a fazer esses números”, disse.

Mário Centeno defendeu também ainda o registo do atual Governo com o investimento na saúde, com mais um ataque ao registo do anterior. Segundo o ministro das Finanças, o governo anterior cortou cerca de mil milhões de euros na despesa da saúde, cortes que chamou de cegos – o equivalente  a 10% -, enquanto que o atual, nas suas contas, aumentou a despesa na saúde em 13% desde março de 2015.