Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) divulgado esta quinta-feira mostra que, de cinco países europeus analisados, Portugal é aquele que apresenta a menor probabilidade de sobrevivência da população idosa para além dos 85 anos.

Este estudo, desenvolvido pela Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit), comparou dados nacionais com os de Espanha, França, Itália e Inglaterra, concluindo que, apesar de Portugal ter menos desigualdades, tem probabilidades de sobrevivência nesta faixa etária inferiores aos outros quatro países.

Esta investigação sublinha a “importância de reduzir as desigualdades socioeconómicas existentes no território europeu para se conseguir aumentar a longevidade da população mais idosa”, indicou a investigadora Ana Isabel Ribeiro, referida no comunicado do ISPUP.

Para chegar a estas conclusões a equipa avaliou a influência das condições socioeconómicas dos locais de residência (condições da habitação, a escolaridade e o desemprego, entre outros) na longevidade das pessoas idosas e na probabilidade de estas sobreviverem além dos 85 anos, nos cinco países europeus. Os resultados mostram que os idosos que vivem em locais com maior privação socioeconómica têm menor probabilidade de atingirem idades mais avançadas.

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Neste trabalho, publicado na revista científica “International Journal of Public Health”, verificou-se igualmente qual seria o aumento percentual em termos de sobrevivência de idosos se fossem eliminadas as diferenças socioeconómicas entre os locais e quantas mortes poderiam ser prevenidas se essas diferenças fossem reduzidas.

“Tomando a Europa como um todo, os homens que habitavam nas zonas mais favorecidas apresentavam uma probabilidade de sobrevivência de 37,4% e os que viviam em locais menos favorecidos de 32,4%”, explicou Ana Isabel Ribeiro, a primeira autora do artigo.

Segundo a investigadora, a eliminação das diferenças socioeconómicas entre os locais aumentaria a probabilidade de sobrevivência em 7,1%. “E, se as atenuássemos, apenas teríamos um aumento de cerca de 1,6% na probabilidade de sobrevivência”, acrescentou.

Segundo o estudo, a remoção dessas diferenças, a nível europeu, levaria a um aumento de sobreviventes masculinos em cerca de 92 mil, enquanto os femininos subiriam para 282 mil. Este trabalho, intitulado “Does community deprivation determine longevity after the age of 75? A cross-national analysis”, é também assinado pelos investigadores Elias Teixeira Krainski, Marilia Sá Carvalho, Guy Launoy, Carole Pornet e Maria de Fátima de Pina.