A consultora KPMG Portugal é alvo de um processo contra-ordenacional do Banco de Portugal (BP) por alegadas falhas na auditoria às contas do Banco Espírito Santo (BES) eentre 2011 e 2014. De acordo com a informação avançada pelo Público, o processo acusa a consultora liderada por Sikander Sattar de não ter cumprido normas de auditoria em 2011 e 2012 e de omitir perdas identificadas na carteira de crédito do BESA (auditado pela KPMG Angola), nos dois anos seguintes.

A confirmarem-se as acusações da entidade supervisora liderada por Carlos Costa, as penalizações aplicadas à auditora podem ir até 2,5 milhões de euros. A mutinacional, porém, contesta a posição do BP. Em sua defesa, alega que estão em em causa duas empresas distintas, que havia informação pública a que o banco central podia aceder e que só teve conhecimento das imparidades no BES Angola depois de o Estado angolano ter dado uma garantia pública, legitimada pelo BdP, que protegeu o banco então liderado por Ricardo Salgado..

O processo, desencadeado em outubro de 2014 e fechado no mês passado, apresenta acusações formais à auditora e a mais três responsáveis, entre eles o presidente, Sikander Sattar. Isso acabou por ser um dos argumentos a justificar o seu afastamento do concurso público para auditor externo da CGD, onde a KPMG estava a concorrer com a PwC e a EY, que acabou por vencer. A entidade governada por Carlos Costa defende, entre outras coisas, que a auditora externa devia ter obrigado o BES a colocar nas contas de 2011 e de 2012 reservas de limitação de âmbito, ou seja, avisar que não detinha informação suficiente sobre a sua exposição ao BESA.

Ainda de acordo com o Público, a decisão do Banco de Portugal de acusar a auditora não terá sido consensual dentro da instituição, pois há quem considere a decisão sem fundamento – isto porque, adianta o jornal, o supervisor teria total conhecimento do que se passava e estava inclusivamente na posse de documentos enviados pela própria KPMG sobre, por exemplo, a carteira de imparidades da instituição angolana. Ao Público, o porta-voz da KPMG escusou-se a fazer comentários e o BP respondeu que “não comenta eventuais contra-ordenações a entidades supervisionadas.”

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