O grupo Mota-Engil vai investir cerca de 250 milhões de euros este ano, destinando “a maior parte” à sua participada no setor dos resíduos EGF e a “grandes projetos” em África, segundo o Relatório e Contas Consolidado de 2017.

“A EGF e grandes projetos em África representarão a maior parte do investimento de cerca de 250 milhões de euros”, lê-se no documento divulgado esta quinta-feira, no qual a Mota-Engil se propõe “reforçar a posição de líder do mercado em vários países africanos, permitindo um crescimento importante no volume de negócios com margens de acordo com o desempenho tradicional na região”.

No ano passado, o continente africano foi o segundo maior contribuinte para o volume de negócios de 2.597 milhões de euros do grupo, representando 33% da faturação (equivalentes a 860 milhões de euros) e sendo apenas superado pela América Latina, com 37%, seguida da Europa com 30%. Face a 2016, as regiões de África e da América Latina viram o seu volume de negócios aumentar em 22% e 32%, respetivamente.

Segundo os dados disponíveis no Relatório e Contas de 2017, no ano passado o continente africano — onde a Mota-Engil se estreou em 1946, em Angola — absorveu já a maior fatia (55%) do investimento total de 148 milhões de euros feito pelo grupo, enquanto a Europa recebeu 25% e a América Latina 18%.

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“Como resultado da adjudicação de novos e grandes projetos na região de África, nomeadamente os projetos de mineração na Guiné-Conacri e em Moçambique, que requerem equipamentos específicos, 55% do investimento do grupo em 2017 foi canalizado para aquela região”, lê-se no relatório.

“Por outro lado — acrescenta — há que destacar o investimento de 50 milhões de euros realizado no negócio de A&S [ambiente e serviços] maioritariamente nas empresas concessionárias da EGF, na Vista Waste e na Fénix, sendo de realçar o investimento de 11 milhões de euros realizado por esta última, principalmente afeto à reabilitação de algumas centrais hidroelétricas, o que potenciou o aumento do volume de negócios e a rentabilidade da empresa”.

O ano de 2017 ficou também marcado pela diversificação da atividade do grupo para novos mercados em África, nomeadamente para a Tanzânia, Costa do Marfim e Guiné-Conacri, entre outros. Para além destes, a Mota-Engil está presente em Angola, Moçambique, Malawi, África do Sul, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Zâmbia, Zimbabué, Uganda, Ruanda e Camarões.

A concentração no continente africano do investimento a fazer este ano pela Mota-Engil traduz o peso desta região na carteira de encomendas que o grupo possuía em 31 de dezembro de 2017, ano em que pela primeira vez apresentou este indicador e superou os cinco mil milhões de euros.

Assim, dos 5.138 milhões de euros de encomendas em carteira no final do ano passado, África respondia por 51%, seguida da América Latina com 28% e da Europa com 21%. Segundo se lê no relatório de contas, a Mota-Engil África “detém uma perspetiva estratégica de longo prazo e um horizonte alargado de atuação, procurando aprofundar parcerias para a realização de projetos de infraestruturas em áreas tão diversas como transportes e logística, energia, ‘oil & gas’, mineração e ambiente”.

Para além desta aposta em África, as perspetivas da Mota-Engil para 2018 passam pela continuação do programa de venda de ativos não estratégicos que já vem executando, “como fator adicional para diminuir a dívida do grupo”, pela “busca contínua de peso adicional de contratos estáveis a médio e longo prazo, particularmente na América Latina e em África”, e pela “manutenção do ritmo de crescimento do volume de negócios” quer na área de “Engenharia e Construção”, quer na de “Ambiente e Serviços”.

É ainda referido o objetivo de crescimento do volume de negócios na América Latina, “com sustentação das margens operacionais”, e a ausência de “alterações significativas” previstas nas margens e volume de negócios na Europa, “ainda sem impacto de grandes projetos em Portugal”.

O grupo Mota-Engil registou em 2017 um lucro de 1,6 milhões de euros, que compara com os 50,2 milhões de euros obtidos em 2016 devido a ganhos extraordinários. Já o volume de negócios cresceu 18% no ano passado, para 2.597 milhões de euros, enquanto o EBITDA (lucro antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) aumentou 19% para 403 milhões de euros.