Barbara Bush foi a segunda mulher na história da democracia norte-americana a ter um marido (George H.W. Bush) e um filho (George W.Bush) que foram presidentes dos Estados Unidos. Morreu na terça-feira e o funeral foi este sábado, em Houston. Coube ao filho Jeb o elogio fúnebre mais emocionado. O antigo governador da Flórida contou que, na última vez que visitou a mãe, lhe perguntou o que sentia relativamente à morte, ao que ela respondeu: “Jeb, eu acredito em Jesus e ele é meu salvador“. E logo acrescentou, segundo relatou o filho no funeral: “Eu não quero deixar o seu pai, mas sei que vou para um lugar bonito”. As palavras de Jeb foram ouvidas pelas mais de 1500 pessoas que marcaram presença num funeral privado, onde estavam Bill e Hillary Clinton, Barack e Michelle Obama e a atual primeira-dama, Melania Trump.

Donald Trump não esteve presente no funeral que se realizou na Igreja Episcopal de St. Martin, em Houston, cidade onde Barbara Bush morreu na terça-feira, aos 92 anos. O seu marido, o ex-presidente dos EUA George H. W. Bush, entrou de cadeira de rodas, com a ajuda do filho e também ex-Presidente dos EUA, George W.Bush. Dos cinco ex-Presidentes dos EUA vivos, quatro estiveram presentes.

No elogio fúnebre, Jeb lembrou a forma como a mãe tratava os filhos com uma graça. “Ela costumava dizer que, como mãe, o regime que aplicava era uma ditadura benevolente. Mas, para ser sincero, nem sempre foi benevolente“, disse Jeb Bush motivando sorrisos de quem o ouvia.  “Aprendemos que nos devíamos esforçar para sermos genuínos e autênticos pela melhor modelo do mundo”, acrescentou ainda Jeb.

Donald Trump, que tem tido conflitos políticos permanentes com a família Bush, fez saber que não iria ao funeral para “evitar perturbações resultantes de segurança adicional, (…) por respeito à família e aos amigos de Bush.” Apesar disso, Trump fez várias referências elogiosas em homenagem a Barbara Bush, que definiu como uma “pessoa maravilhosa” e destacou que a “força e resiliência” da antiga primeira-dama “incorporam o espírito do país”. O presidente acabou, assim, por assistir ao funeral naquela que definiu como segunda residência oficial do presidente dos EUA, o seu clube privado e resort turístico Mar-a-Lago.

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Jon Meacham, um historiador da presidência e biógrafo de H.W. Bush, contou que Barbara e George se conheceram pouco tempo depois do ataque japonês à base norte-americana de Pearl Harbor, em dezembro de 1941, num baile em Greenwich, Connecticut. Ela tinha 16 anos, ele 17. Meacham contou que quando perguntou a George H. W. Bush como definiria a resiliência da mulher, ele respondeu: “Ela é a rocha da família, o líder da família“.

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No elogio fúnebre, Meacham lembrou ainda o trabalho de Barbara como primeira-dama, em particular a sensibilização para os doentes com SIDA e na promoção da alfabetização do país. Ainda sobre a paixão que Barbara  tinha por George H.W.Bush, o biógrafo lembrou que o marido foi “o único homem que ela beijou” em toda a sua vida.

Quase 8.000 pessoas, desde famosos a anónimos, deslocaram-se a St. Martin’s para uma despedida pública, na sexta-feira. Do meio-dia à meia noite de sexta-feira passaram mais de 6200 pessoas junto ao caixão fechado. A essas juntaram-se as 1500 pessoas presentes no tribunal.

O corpo de Barbara Bush vai ser sepultado a 16o quilómetros de Houston, no complexo presidencial George W.Bush, centro que inclui uma biblioteca e junto a um riacho onde está também seputada a filha de Barbara e George, Robin, que morreu aos três anos de leucemia.

Barbara Bush foi a segunda mulher que teve um marido e um filho presidente dos EUA. Só mesmo Abigail Adams, mulher do segundo presidente norte-americano (John Adams) e mãe do sexto presidente do país (John Quincy Adams) tinha tido essa dupla condição de primeira-dama e mãe de um Presidente.