O promotor imobiliário JPS Group, detentor da marca Skycity, rejeita qualquer ligação ao caso que está na origem do pagamento de cerca de 3,5 milhões de euros a Ricardo Salgado, ex-presidente executivo do BES, e a Tomás Correia, ex-líder executivo da Caixa Económica Montepio Geral. “Nada liga, nem nunca ligou, a JPS Group aos protagonistas da notícia”, lê-se no comunicado enviado para o Observador por João Amaro, chief operations da empresa.
Em causa está uma notícia do Expresso, citada este sábado pelo Observador, que revela que Salgado terá 2 milhões de euros entre maio de 2006 e março de 2007 da Derinton Overseas Limited, sociedade das Ilhas Virgens Britânicas que pertencerá ao empreiteiro José Guilherme, e da Perdix, empresa sediada no paraíso fiscal do Panamá que pertencerá a outro empreiteiro chamado Jorge Silvério. Também Tomás Correia, então presidente executivo do Montepio Geral, também terá recebido cerca de 1,5 milhões de euros entre junho de 2006 e janeiro de 2007 numa conta numérica aberta na Union des Banques Suisses (UBS), de acordo com documentos judiciais do Tribunal Federal Penal da Confederação Helvética citados pelo Expresso.
O DCIAP, que está a investigar estas transferências num âmbito de um inquérito criminal sobre o Montepio e que já constituíu Tomás Correia como arguido, entende que as mesmas estão alegadamente relacionadas com um empréstimo de 84 milhões de euros que terá sido concedido pelo BES a um fundo de investimento chamado Invesfundo II — que era gerido por uma sociedade do Grupo Espírito Santo e no qual o Montepio também participava. O Invesfundo foi criado para adquirir os terrenos da antiga Marconi na Amadora para desenvolver um projeto imobiliário de 115 moradias e 255 apartamentos.
De acordo com o Expresso, o nome do projeto imobiliário que estava a ser desenvolvido pela Invesfundo era Skycity mas, de acordo com o comunicado da JPS. “Esta notícia reporta, no final, o empreendimento Skycity, na Serra de Carnaxide, como estando na esfera do envolvimento de Ricardo Salgado com José Guilherme e ter sido motivo de mais uma “liberalidade” deste para aquele. Isto não é correto. O empreendimento Skycity nada tem nada a ver com a Invesfundo”
Na origem da confusão estará o facto dos terrenos da Skycity da Marconi serem contíguos. “A Invesfundo será o alegado promotor do empreendimento Marconi e é este empreendimento que deve ser o objecto da notícia. Os terrenos do Skycuty foram transferidos para o Montepio em sede de dação em pagamento por insolvência do ex-urbanizador. Em momento algum qualquer dos protagonistas da notícia esteve envolvido neste processo. A única coincidência dos empreendimentos Skycity e da Marconi é a geográfica: ambos se localizam na Serra de Carnaxide e são contíguos. Em mais nada coincidem. (…) O Skycity, aliás, representa um novo esforço de desenvolvimento desta urbanização que inicialmente não tinha sequer esta designação e, simultaneamente, uma rutura com o projeto imobiliário anteriormente desenvolvido”, lê-se no comunicado.