Convenhamos que, neste caso, a Honda nos faz recordar o Vinho do Porto, e aquela publicidade que defendia o óbvio: ‘quanto mais velho, melhor’. Vem isto a propósito dos veículos desportivos da Honda e a sua capacidade de surpreender os que gostam de acelerações fortes. Como marca generalista que é, a Honda oferece muito mais veículos pacatos do que verdadeiros puros-sangue, o que não significa que lhe faltam desportivos de fazer revirar os olhos quando se acelera a fundo. O curioso é que o mais rápido não figura necessariamente entre os mais modernos, uma vez que se trata de um modelo dos anos 80.

A Honda impressiona com os 5,7 segundos de 0 a 100 km/h que atinge no Civic Type R, de 320 cv, e ainda mais se considerarmos os 3,3 segundos do NSX, com 581 cv. E que tal se lhe dissermos que há um veículo, deste mesmo construtor, que necessita apenas de 2,48 segundos para chegar aos 97 km/h (os 100 km/h deverão ser ultrapassados em cerca de 2,6 segundos)? E que, para cúmulo, é um eléctrico alimentado a bateria, veículo que nem a própria administração da marca japonesa sabia existir? E com razão, uma vez que este super Honda é fruto da imaginação e criatividade de um americano com um fraquinho por carros eléctricos.

O veículo em causa é conhecido como Teslonda, pois na sua génese tem o que resta de um velho chassi de um Honda Accord dos anos 80, locomovido por um motor de um Tesla, que por sua vez é alimentado por um pack de baterias herdado de um Chevrolet Bolt, conhecido na Europa como Opel Ampera-e. A primeira versão foi revelada há cerca de um ano, mas depois de devidamente rejuvenescida e potenciada, eis que reapareceu de novo, mais potente e mais rápida. Se a aceleração de 0 a 60 milhas (0-96,54 km/h) da primeira versão rondou os 2,7 segundos, o Teslonda conseguiu agora 2,48 segundos, o que o coloca quase ao nível de um Tesla P100D no modo Ludicrous. Veja aqui como foi construído:

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Concebido por Jim Belosic, o Teslonda é uma máquina infernal, apesar de nada ficar a dever à perfeição estética, ou a discrição. Se à primeira vista parece ter saído de um acidente e dos graves, o Teslonda é extremamente rápido. Mudou a tracção da frente do Accord de 1981 pela tracção traseira, uma vez que monta um motor de um Tesla (e o mais possante ao serviço da marca americana ultrapassa os 400 cv) e, na falta do sistema de gestão dos motores da Tesla, recorreu nesta última versão a um diferencial autoblocante, para dar estabilidade e eficiência nos arranques.

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Para alimentar o motor, Jimmy recorreu ao pack de baterias maior e mais barato entre os disponíveis, pelo que optou pelo que está ao serviço do Chevy Bolt, com 60 kWh, mais que suficiente para deslocar o Teslonda de um lado para o outro e permitir-lhe uma boa dose de acelerações de 0-60 milhas.

É claro que o chassi do Accord parece que foi tratado pelo Frankenstein, todo retalhado, mas se não deve ser brilhante num crash-test, continua a ser muito leve, o que é o ideal para a finalidade em causa. Mas Belosic já prometeu não ficar por aqui e continuar a trabalhar no seu Teslonda. Pelo menos até bater os 2,25 segundos do Tesla P100D, sendo que se seguida já tem os olhos postos nos 1,9 segundos que a Tesla anuncia para o Roadster, não a primeira geração, que enviou rumo a Marte, mas a segunda, que ainda irá fabricar.

Enquanto isso não acontece, veja aqui como um carro de 1981 chega aos 97 km/h em 2,48 segundos, o que deixa para trás tudo o que é Ferrari, Lamborghini e até Bugatti:

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E, agora, por fora:

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