“Sinto-me muito orgulhoso de ver tantas pessoas aqui. Não estava à espera, emocionei-me. Estou muito contente de ter feito as pessoas felizes. É uma fase muito bonita da minha carreira mas sou humilde o suficiente para saber que há muito trabalho a fazer. Já me chamaram muitas palavras mas ouvir a palavra conquistador emociona-me muito, é uma palavra que recorda a minha terra quando estou lá fora. É muito bonito ver que, quando volto, as pessoas me apoiam”, dizia João Sousa em 2013, depois de ter sido “condecorado” com uma estátua de Dom Afonso Henriques após o triunfo em Kuala Lumpur.

Cinco anos depois, a emoção que sentia ao ouvir esse nome passou para quem o estava a assistir, como foi bem visível depois do último ponto na final do Estoril Open: pela primeira vez, o torneio nacional teve um vencedor português. Ao longo de uma semana de sonho, João Sousa foi mesmo um Conquistador. E somou assim o terceiro triunfo da carreira no circuito ATP (entre Kuala Lumpur e Estoril houve Valência, também em piso rápido como na Malásia).

E seria impossível pensar num epílogo assim: frente ao americano Frances Tiafoe, o filho de pais da Serra Leoa que se tornou no mais novo de sempre a ganhar a Orange Bowl e que é representado por Jay-Z, João Sousa fez a exibição mais completa ao longo do torneio, onde antes tinha superado Pedro Sousa (no melhor jogo do torneio), Kyle Edmund e Stefanos Tsitsipas. Roger Federer e John McEnroe, duas lendas da modalidade, apontam Tiafoe ao top-10 a breve prazo. Mas essa subida, que até poderá acontecer tendo em conta o fantástico potencial do jovem jogador, terá de esperar.

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Frances Tiafoe, o futuro do ténis americano que desafiou Federer

Depois de um início de jogo com o americano a fazer prevalecer uma percentagem altíssima de pontos ganhos no seu primeiro serviço, João Sousa conseguiu quebrar ao quinto ponto de break, segurou o seu serviço apesar da vantagem do adversário, ainda sofreu um break mas voltou a quebrar o serviço de Tiafoe, fechando o primeiro set com 6-4. No segundo set, e ao contrário do que tinha acontecido por exemplo com Edmund e Tsitsipas, o vimaranense não vacilou; pelo contrário, começou mesmo com dois breaks, aproveitando um maior número de erros não forçados do americano. O português ainda viu o seu serviço quebrado no jogo que fez 5-3 mas fechou o encontro com mais um triunfo por 6-4, conquistando em paralelo a primeira vitória num torneio ATP em terra batida após quatro finais perdidas em Bastad, Genebra, Umag e Kitzbühel (e um cheque de quase 90 mil euros, após uma semana onde chegou ainda às meias-finais do torneio de pares).

Após o último ponto, que fechou o seu último serviço em branco, Sousa não aguentou as emoções, caiu no chão e desfez-se em lágrimas. “Pareço um menino a chorar… Não há palavras, este apoio durante a semana. Foi um sonho tornado realidade, sempre quis vencer em Portugal”, começou por referir o vimaranense, antes de uma paragem. “Queria agradecer à minha família, à minha namorada e ao meu treinador Frederico, sempre estiveram comigo nos bons e nos maus momentos, e isto é o resultado de muitos anos de trabalho. Como é Dia da Mãe, queria também dedicar à minha mãe. Esta vitória é de todos nós portugueses”, rematou nas primeiras declarações enquanto recebia uma ovação de pé… antes de se começar a cantar o hino.