O presidente dos Estados Unidos da América anunciou esta quarta-feira que os três homens de nacionalidade norte-americana detidos na Coreia do Norte já foram libertados e já estarão de volta o país. A libertação ocorre a poucas semanas da anunciada cimeira entre Donald Trump e Kim Kong-un e foi comunicada através de uma publicação no Twitter.

“É com agrado que informo que o Secretário de Estado Mike Pompeo já está na viagem de regresso da Coreia do Norte com os três formidáveis cavalheiros que todos estão tão ansiosos por conhecer”, comunicou Donald Trump. E, acrescenta, Pompeo teve uma “boa reunião” com o líder norte-coreano e já agendaram data e local para o encontro entre os dois governantes, que tem sido apontada para junho desde ano.

“Aparentam estar de boa saúde”, acrescentou. Os três homens, de acordo com a informação divulgada pelo próprio presidente Trump, já estarão a bordo de um avião de regresso aos Estados Unidos, acompanhados por Mike Pompeo, sendo esperados na base aérea de Andrews, junto a Washington, às 2 horas da madrugada (hora local).

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Há exatamente uma semana, também através do Twitter, o mesmo Donald Trump reclamava a libertação dos três homens — “reféns de um campo de trabalho na Coreia do Norte” –, apelo esse que nunca tinha sido recebido. Mas deixava pistas de que algo poderia mudar em breve, no que seria entendido como um ato de boa vontade do líder da Coreia do Norte antes do encontro entre os dois governantes. O primeiro sinal de tolerância chegou no dia seguinte, quando uma ativista revelou à BBC que os três homens já estavam num hotel da capital norte-coreana a receber cuidados médicos.

Kim Dong Chul, Kim Hak-song e Kim Sang Duk (também conhecido como Tony Kim) estiveram detidos na Coreia do Norte há vários meses. O primeiro foi preso ainda antes de Trump ser eleito, os outros dois foram detidos na última primavera, detalha a CNN, logo após a tomada de posse do presidente norte-americano e num momento em que a tensão entre Washington e Pyongyang subiam de tom.

Quem são os três norte-americanos presos na Coreia do Norte que podem ser libertados em breve?

Entre os EUA e a Ásia

Kim Dong-chul tem pouco mais de 60 anos e nasceu na Coreia do Sul, só depois se naturalizou norte-americano. Foi preso em 2015 por espionagem e condenado a dez anos de trabalho árduo em 2016. Antes do julgamento, deu uma conferência de imprensa onde confessou ter roubado segredos militares em conluio com a Coreia do Sul, ato que Seul negou. Em janeiro de 2016, numa entrevista à CNN, contou que viveu em Fairfax, no estado da Virginia, onde geria um serviço hoteleiro em Rason, uma zona económica especial perto da fronteira, no norte da Coreia do Norte. É casado e tem duas filhas que vivem na China.

Kim Hak-song é professor na Universidade de Ciência e Tecnologia de Pyongyang (UCTP) e foi detido a 6 de maio de 2017 sob suspeitas de “atos hostis”. Esta universidade, que forma sobretudo a elite norte-coreana, foi fundada em 2010 por um empreendedor coreano-americano e muitos dos encargos ficaram à responsabilidade de associações de caridade dos Estados Unidos e da Coreia do Sul. O homem, que se auto-descreve como um missionário cristão e que a comunicação social sul-coreana conta que nasceu na fronteira entre a Coreia do Norte e China, do lado chinês, emigrou para os EUA nos anos 90 e regressou à Ásia para estudar agricultura em Yanbian, uma cidade chinesa, antes de se mudar permanentemente para Pyongyang.

Kim Sang-duk – ou Tony Kim – foi detido duas semanas antes de Hak-song, acusado de espionagem. O naturalizado norte-americano estava a tentar sair do país depois de ter estado a trabalhar na UCTP durante um mês. Os meios de comunicação sul-coreanos dizem que tem 55 anos e esteve envolvido em trabalho humanitário na metade norte da península da Coreia. Estudou contabilidade em duas universidades norte-americanas e trabalhou nessa área durante mais de uma década. Também regressou à Ásia para estudar em Yanbian.