O cerco legal aperta-se sobre os presumíveis responsáveis do ataque em Alcochete. O grupo de detidos está indiciados de um total de 64 crimes e são muitas as provas já reunidas pelo Ministério Público. Luvas de boxe, um stick de hóquei e material identificado com insígnias da claque Juve Leo fazem parte da extensa lista de elementos — presente no despacho de indiciação a que o Observador teve acesso — que a Justiça usará para tentar demonstrar que todos os 23 detidos são culpados. Há também imagens de videovigilância que estão já a ser contestadas por alguns advogados.

Da academia de treinos do Sporting, em Alcochete, foram feitas duas chamadas para a GNR naquela tarde de terça-feira. A primeira a dar conta da invasão por supeitos de cara tapada, a segunda a relatar agressões e as armas que traziam. As autoridades correram para o local e já os apanharam a tentar abandonar e fugir das instalações. Foi montada uma operação de urgência, com uma barreira policial, que tinha como objetivo apanhar o maior número possível de presumíveis agressores. No total, oito carros (modelos como um Seat Ibiza, um BMW X3, um Smart ForTwo ou até um Renault Mégane) foram intercetados pelas forças policiais.

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Aquando das buscas iniciais em cada viatura, encontraram-se artefactos como: luvas de boxe vermelhas, uma mochila preta e laranja da Harley Davidson, um equipamento completo do Sporting (calções e t-shirt), um chapéu preto com a frase “Juventude Leonina, Ultras 1976” escrita a amarelo, várias balaclavas (capuzes pretos com aberturas para olhos e boca) — uma delas é verde e branca e tem o brazão do SCP numa das faces e um olho na outra –, cachecóis do Sporting e até um casaco de padrão camuflado verde com a inscrição “Ultras, Juve Leo 76” na frente e “76 Juve Leo” nas costas. Esta intervenção serviu para reunir mais de 14 elementos de prova, mas a estes juntam-se ainda uma série de outros que não resultaram desta ação policial.

Nessa noite todas as vítimas, entre jogadores, treinadores e outro pessoal técnico, prestaram declarações na GNR do Montijo e explicaram tudo o que viveram. Essa prova testemunhal também será considerada.

No mesmo documento a que o Observador teve acesso surgem sete entradas associadas à categoria de “Meios de Prova”. Nessa lista encontram-se elementos como os autos de notícia e de busca e apreensão recolhidos, assim como os relatórios táticos de inspeção judiciária, fotografias, imagens de vídeovigilância e fotogramas extraídos das mesmas. Relatos das vítimas (os jogadores e a equipa técnica) e plantas das instalações são outros elementos que compõem a lista.

No entanto, essas imagens recolhidas pela videovigilância já foram questionadas em tribunal. Um dos advogados terá detetado vários saltos no tempo, dando a entender que as imagens possam ter sido “adulteradas” ou “editadas” e que possa, não ser suficientes para configurar um meio de prova.

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