A escritora francesa Fred Vargas foi distinguida esta quinta-feira, em Oviedo, Espanha, com o Prémio Princesa das Astúrias das Letras por “entender a sociedade como um misterioso e complexo sistema”. Na decisão, o júri do concurso destacou na obra narrativa de Vargas (pseudónimo de Frédérique Audoin-Rouzeau) a originalidade do enredo, a profunda carga cultural e a sua enorme imaginação, “que abre ao leitor horizontes literários inéditos”.

“A sua escrita combina a intriga, a ação e a reflexão num ritmo que recorda a musicalidade característica da boa prosa em francês”, considerou o júri, acrescentando que em cada uma das suas novelas “a História aparece como metáfora de um presente desconcertante”.

Fred Vargas nasceu na capital francesa a 7 de junho de 1957 e é conhecida pelos seus livros policiais, sendo filha do escritor surrealista Philippe Audoin e tendo uma irmã gémea pintora, Jo Vargas, e um irmão historiador, Stéphane Audoin-Rouzeau. Arqueóloga de formação, especializada em arqueozoologia — ciência que estuda os restos faunísticos encontrados em sítios arqueológicos –, trabalhou no conhecido Instituto Pasteur e publicou vários ensaios científicos com o seu nome.

Sob o pseudónimo Fred Vargas já editou duas dezenas de romances policiais com o seu pseudónimo, 12 deles centrados no comissário Adamsberg. O último chama-se Quando sai a prisioneira (2017).

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Os Prémios Princesa das Astúrias distinguem o “trabalho científico, técnico, cultural, social e humanitário”, realizado por pessoas ou instituições a nível internacional. O das Letras foi concedido, em anos anteriores, a personalidades como Mario Vargas Llosa e Rafael Lapesa (1986), Gunter Grass (1999), Amin Maalouf (2010), Leonard Cohen (2011), Richard Ford (2016) ou Adam Zagajewski (2017), entre outros.

Este é o quinto galardão que a fundação espanhola anunciou este ano, depois já ter concedido à organização Amref o prémio da Cooperação Internacional, à jornalista mexicana Alma Estela o prémio da Comunicação, ao cineasta norte-americano Martin Scorsese o prémio das Artes e aos alpinistas Reinhold Messner (Itália) e Krzysztof Wielicki (Polónia) o prémio dos Desportos.

Cada premiado recebe uma reprodução de uma escultura do pintor e escultor espanhol Joan Miró, que representa o prémio, 50 mil euros, um diploma e uma insígnia entregues numa cerimónia solene presidida pelo rei de Espanha, Felipe VI. Esta terá lugar em outubro no teatro Campoamor, em Oviedo.