The Breeders
19h50, Palco NOS
Um concerto que inclua Kim Deal e uma guitarra é sempre de não perder. Mas um concerto de The Breeders depois de um novo disco (All Nerve) é coisa para ficar na memória dos amantes do rock alternativo. Há “Cannonball”, aquele riff à Pixies que nunca fica fora de moda (os operadores turísticos talvez o vendam como “vintage”) e se chover está tudo bem, porque isto é rock and roll. Se quiser começar o festival mais cedo, pode espreitar o folk de Amen Dunes, às 18h (Palco Seat).
Grizzly Bear
20h50, Palco Seat
O ano passado apresentávamos aqui os Grizzly Bear: “São quatro rapazes de ar simpático e humilde, fazem canções bonitas, não se preocupam com a roupa que levam para o palco e o nome da banda é ótimo”. Mas são também “músicos extraordinários, fora de série, notáveis e outros adjetivos do género”. Há já algum tempo que não atuam em Portugal, e Painted Ruins, o último disco, merece ser ouvido ao vivo. No Porto, prevê-se aquele concerto indie triste-bonito para o lusco-fusco. Se der para acompanhar com os ótimos petiscos regionais do recinto, melhor ainda.
Vince Staples
22h15, Palco NOS
Aqui começamos a falar mais a sério. Ex-puto rufia de bairro, este rapaz de 24 anos da Califórnia converteu-se às rimas e às batidas criando uma espécie de rap de clube noturno, com batidas rápidas e dançáveis, refrões certeiros e um conjunto de rimas de quem quando tem algo para dizer, di-lo sem rodeios. Um par de excelentes álbuns (Summertime ’06 e Big Fish Theory) prometem um grande concerto e um percurso cheio de classe para os próximos anos. “Rain come down” — se chover no Porto, a culpa é dele.
DJ Lycox
23h, Palco Primavera Bits
Ainda não falámos de música lusófona: no Primavera Sound do Porto há concertos de Fogo Fogo, Moullinex, Black Bombaim e Luís Severo (entre outros). Dos bairros periféricos de Lisboa para os subúrbios de Paris, Lycox, ou Ivan Martins, transformou-se de adolescente promissor em DJ e produtor com tarimba. No ano passado, lançou pela editora Príncipe Discos o inclassificável álbum Sonhos & Pesadelo, onde ritmos africanos se misturam com ritmos franceses, sul-americanos e portugueses. O resultado é tão bom que parece fácil. Uma rave de todas as cores.
Four Tet Live
23h40, Palco Super Bock
Neste segundo dia a música eletrónica é rainha toda poderosa. Que Fever Ray nos perdoe (atua 20 minutos depois, no Palco Seat) mas o inglês Four Tet (que na verdade se chama Kieran Hebben) é um dos grandes génios musicais deste século. Música que num segundo parece nerd que na verdade não é — é simplesmente feita por alguém de outro planeta que se dedica a compor bandas sonoras para alegrar as vidas dos comuns mortais. O magnífico (e não é elogio que baste) álbum que lançou em 2017, New Energy, ainda ressoa, mas há tantos de classe indisputável: de There is Love in You (de 2010) a Beautiful Rewind (de 2013). Não é cabeça de cartaz (a popularidade das canções e tal) mas devia ser.
A$AP Rocky / Unknown Mortal Orchestra
0h45, Palco NOS / 1h, Palco Pitchfork
Mas isto faz-se? Pôr dois dos melhores concertos do segundo dia (do segundo dia? do festival!) quase à mesma hora? E como é que se decide quantos minutos é que se vê de cada um? É à sorte? É que os argumentos até são parecidos: quer A$AP Rocky, rapper de Nova Iorque, quer a banda do neozelandês Ruban Nielson, Unknown Mortal Orchestra, têm belíssimos álbuns editados já este ano. O primeiro ancorado no hip-hop, o segundo uma mistura de rock, soul, R&B e pop psicadélica, inspirada por Jimi Hendrix mas adaptada à sonoridade digital. Não dá para escolher — o melhor é espreitar o máximo que se conseguir dos dois concertos. E não poupar os ténis nos saltos e na dança, mesmo se for desajeitada.
Floating Points Solo Live
2h30, Palco Pitchfork
É tarde? É. É a primeira vez que Sam Shepherd, aka Floating Points, se apresenta em Portugal? Longe disso, ainda no ano passado deu um concerto no NOS Alive. Mas vale sempre a pena. Há quem diga que Shepherd faz batota: doutorado em neurociência e epigenética pela University College de Londres. Não surpreende que saiba tudo sobre como nos estimular o cérebro e nos pôr a dançar. “Ativa-me a dopamina” pode ser um piropo a apostar. Ao vivo, a música de Floating Points cresce, cria-se um universo que não é clonado de nenhum outro e que se distingue do techno e do house mais tradicionais (que se ouvirão, por exemplo, no set de Levon Vincent, meia hora depois no palco Primavera Bits). Eis como passar uma bela madrugada de sexta para sábado.