Uma notícia publicada pelo jornal Bild revela que o ex-CEO do Grupo Volkswagen, Martin Winterkorn, vai finalmente comparecer em tribunal, ainda que como testemunha, embora não falte quem antecipe que pode ser “promovido” rapidamente a acusado, neste processo ou noutros que decorrem em paralelo.

Winterkorn liderou o grupo alemão de 2007 a 2015, altura em que o escândalo Dieselgate rebentou, demitindo-se dias depois e levando consigo um generoso bónus, muito provavelmente por “bons” serviços prestados, uma vez que as acções da empresa caíram 30% em 2015, nos dias que seguiram à descoberta da “habilidade”.

O julgamento que vai envolver os responsáveis pelo Dieselgate vai começar em meados de Setembro e há 28 indivíduos que se vão sentar perante o juiz Fabian Reuschle, do tribunal de Estugarda. Mas se Winterkorn deve ser a testemunha que todos querem ouvir, provavelmente ele não deverá querer escutar o que outras testemunhas, igualmente convocadas, têm para dizer. Com destaque para o CEO da Bosch, que vendeu ao grupo 11 milhões de equipamentos de gestão do motor com software malicioso que alguém encomendou, o que dificilmente terá acontecido por descuido, ou acaso.

Segundo o Bild, a testemunhar vai estar ainda o CEO da Audi, Rupert Stadler, também ele a deter um cargo de topo em 2015, com o jornal germânico a referir que, entre os arrolados para depor, está igualmente o ministro do dos Transportes.

O mais curioso é que o processo por detrás deste julgamento foi originado por uma queixa dos próprios accionistas do Grupo Volkswagen, empresa que é detida, além das famílias Porsche e Piech, que controlam 30,8% das acções, por investidores institucionais internacionais (22,5%), investidores privados (18%), o fundo Qatar Holding LLC (14,6%), o Estado da Baixa Saxónia (11,8%) e os investidores institucionais alemães (2,3%). Querem os detentores das acções ser compensados pelo accionistas maioritários, a quem cabe nomear os administradores e o CEO, pela forma como a empresa lidou com Dieselgate e os riscos a que se expôs indevidamente.

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