O navio “Aquarius”, que transporta mais de 600 migrantes e que navega há dias no Mediterrâneo, vai mesmo atracar em Espanha, conforme informou a coordenadora dos Médicos Sem Fronteiras na terça-feira, escreve o El País.
Depois de Espanha se ter oferecido para receber os refugiados e de o porto de Valência ter sido aberto, o responsável pela embarcação “Aquarius” informou que não havia condições para chegar em segurança ao porto espanhol. A hipótese tinha sido considerada de risco, mas agora já é possível, uma vez que dois barcos militares italianos vão ajudar a processar toda a operação.
O “Aquarius” — fretado pelos Médicos Sem Fronteiras e pela SOS Mediterránée — transportará uma centena de migrantes e está previsto que os restantes viajem em dois navios da Guarda Costeira e da Marinha Italiana. Esta manhã, as autoridades italianas dispuseram-se a levar alimentos e medicamentos até ao “Aquarius”.
Emergencias Italia está aprovisionando con comida y medicinas el #aquarius @rne pic.twitter.com/1V48KuIkGX
— Sara Alonso Esparza (@SAlonsoEsparza) June 12, 2018
The #Aquarius is now receiving supplies, coordinated by #Italian Rescue authorities. The intention of the Italian MRCC is to transfer some people from the #Aquarius to Italian ships & head to #Valencia, #Spain together. #MSF calls for people's safety to come before politics. pic.twitter.com/B6onGWvq19
— MSF Sea (@MSF_Sea) June 12, 2018
No vídeo abaixo pode ver-se o a mbiente que se vivia no “Aquarius” depois das operações de entrega de mantimentos:
Video. Suena música en la borda del #Aquarius despues de recibir la comida del almuezo por parte de las autoridades Italianas. Todo apunta a Valencia, pero esa información aún no ha sido trasladada a los migrantes. @MSF_Sea @FotografiaPais @SOSMedGermany @naiaragg pic.twitter.com/Sq8HBSo395
— Óscar Corral (@corralfoto) June 12, 2018
Desta forma, Itália facilita a saída do barco das suas águas, permitindo que viaje até Valência com as 629 pessoas, 123 das quais são menores não acompanhados e seis grávidas. Sem a ajuda das forças militares italianas, seria impossível fazer o trajeto — o barco encontra-se a cerca de 700 milhas do porto espanhol — em segurança devido ao elevado número de pessoas.
15. Valencia está a 700 millas náuticas del punto entre Malta e Italia donde ahora se encuentra el barco humanitario. En este enlace se puede ver la ubicación exacta del barco https://t.co/wqt9NkxKgH pic.twitter.com/xv85WXZlse
— EL PAÍS (@el_pais) June 12, 2018
O primeiro-ministro maltês agradeceu a Pedro Sánchez a disponibilidade para acolher o “Aquarius”. Depois de os governos italiano e maltês terem recusado receber os refugiados, o presidente do governo de Espanha anunciou que Valência seria o “porto seguro” para a operação humanitária. “É nossa obrigação ajudar a evitar uma catástrofe humanitária e oferecer um porto seguro a estas pessoas, cumprindo desta maneira as obrigações do Direito Internacional”, referiu na segunda-feira.
A presidente da Câmara de Madrid, Manuela Carmena, escreveu no Twitter que a capital espanhola pode acolher 20 famílias, até um máximo de 100 pessoas, que se encontram a bordo do navio. A Câmara de Madrid está a aguardar que o Governo central aceite a oferta. “Com a ajuda de todos a situação pode ser resolvida em breve”, escreveu a autarca.
En el Ayuntamiento de Madrid estamos dispuestos a ofrecer alojamiento para 20 familias, hasta un máximo de 100 personas, para los refugiados que hay en el buque #Aquarius. Esperemos que con la ayuda de todos esta situación se resuelva pronto.
— Manuela Carmena (@ManuelaCarmena) June 12, 2018
A vice-presidente do Governo, Carmen Calvo, pediu ao presidente da Federação Espanhola de Municípios e Províncias (FEMP), Abel Caballero, que coordene as ofertas que estão a chegar aos municípios para hospedar os 629 passageiros.
Valência prepara-se para receber migrantes
A vice-presidente do governo valenciano, Mónica Oltra, adiantou que a Cruz Vermelha já preparou a receção aos imigrantes transportados pelo navio “Aquarius”. É a Cruz Vermelha que vai ficar responsável pelo acolhimento dos passageiros durante as primeiras horas e também durante os primeiros dias. Os voluntários já estão a preparar camas, alimentos e medicamentos necessários.
Josep Borrell, ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, escreveu no Twitter que estão a processar a autorização para que o navio possa fazer escala no porto espanhol.
Ya estamos tramitando la autorización de escala para poder desembarcar a las personas a bordo del #Aquarius a su llegada a un puerto español.#Acuarius pic.twitter.com/0sx5fPYJ0i
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) June 12, 2018
“Aquarios” está “em águas internacionais”
Um barco da Guarda Costeira italiana e outro da Marinha, com voluntários da Ordem de Malta e da Unicef a bordo, devem chegar nas próximas horas à zona onde se encontra o “Aquarius” para transportar cerca de 500 migrantes, escreve a agência Efe.
A Guarda Costeira italiana disse, em comunicado, que “nas próximas horas” vai realizar a transferência de parte dos migrantes para os barcos italianos, com o objetivo de iniciar a travessia que deverá demorar cerca de quatro dias.
#Aquarius Los 629 rescatados ya llevan más de 72 horas en el mar. Ahora estamos 100% centrados en cuidarlos. Hay 11 niños pequeños, 123 menores no acompañados, más de 80 mujeres y siete mujeres embarazadas. En Libia carecían de asistencia médica. https://t.co/yH8iTHqsmR pic.twitter.com/LeTXCyJLsS
— Médicos Sin Fronteras (@MSF_Espana) June 12, 2018
O navio encontra-se agora em “águas internacionais”, entre a ilha italiana de Sicília e Malta, e está em contacto permanente com o Centro Nacional de Coordenação de Socorro Marítimo da Guarda Costeira de Roma (IMRCC) e sob supervisão das suas patrulhas, prontas para prestar quaisquer cuidados de saúde, caso seja necessário.
O Governo de Pedro Sánchez vai dar prioridade às 123 crianças que viajam no “Aquarius” e pretende mantê-las em Valência, uma vez que podem precisar de cuidados especiais. “Vamos tentar fazer os possíveis para que as crianças que venham em núcleos familiares se mantenham juntos e para que os mais pequenos permaneçam em Valência”, explicou a vice-presidente, Carmen Calvo.
Os Médicos Sem Fronteiras insistem, contudo, que a melhor opção é desembarcar todos os passageiros num porto próximo e depois transferi-las então para Espanha ou outros países porque as pessoas se encontram exaustas e precisam de descansar, uma vez que a viagem até Espanha demora mais de quatro dias a ficar completa.
#Aquarius Instamos a los Estados Miembros de la UE a facilitar el desembarco inmediato de las 629 personas que están siendo atendidas abordo del #Aquarius en el puerto seguro más cercano. Ya llevan más de 72 horas en el mar. https://t.co/yH8iTHqsmR pic.twitter.com/ZzrRxDFXcq
— Médicos Sin Fronteras (@MSF_Espana) June 12, 2018
O médico que se encontra a bordo do “Aquarius” diz que não se pode atrasar mais o descanso das mais de 600 pessoas que ali se encontram. “A prioridade deve ser desembarcar imediatamente as 629 pessoas, incluindo 123 menores acompanhados, 11 crianças e seis mulheres grávidas, no porto seguro mais próximo. A situação médica a bordo mantém-se estável por agora, mas as pessoas estão exaustas e stressadas”, explicou David Beversluis.
Transferência dos migrantes começa a ser feita
Depois de as organizações humanitárias terem explicado aos migrantes que vão ser levados para Espanha — e não de volta para a Líbia, como muitos pensam — a transferência dos passageiros começa agora a ser efetuada para um barco da Marinha italiana. Quando estiver mais liberto, o “Aquarius” poderá seguir viagem em direção a Valência.
ÚLTIMA HORA. Comienza el trasbordo de migrantes a un barco de la marina Italiana para aliviar el aforo del #Aquarius en su viaje a Valencia. pic.twitter.com/5k7Bqu8GDJ
— Óscar Corral (@corralfoto) June 12, 2018