Carlos Queiroz considera que a evolução de Cristiano Ronaldo ao longo dos últimos anos é “normal” e que é o reflexo da “maturidade” que o jogador português foi ganhando: “O treinador pode fazer tudo com o jogador: trabalho técnico, mental, físico. Podemos comprar talento. Mas não podemos comprar caráter e experiência. Um jogador que joga um Mundial e um Europeu com 31 anos não é o mesmo que jogou comigo no Mundial 2010. Fez uma evolução natural.”, disse em entrevista ao El País.

O selecionador do Irão, que orientou Portugal no Mundial da África do Sul, recordou ainda alguns momentos quando os dois estavam no Manchester United.

Um dia chamei-o ao meu gabinete no Manchester United disse-lhe algo que só disse a dois jogadores em toda a minha vida: ‘Já trabalhamos juntos há algum tempo, conheço-te desde os tempos do Sporting e vamos chegar a um acordo: tu nasceste para ser o melhor jogador do mundo. Se estás disposto a trabalhar e a caminhar para ser o melhor jogador do mundo, eu estou disposto a trabalhar contigo. Mas há um preço a pagar para teres êxito. Se quiseres, vai para casa, pensa e amanhã falamos. Já és um grande jogador de futebol, mas ser o melhor é outra coisa.'”

A partir daí, os dois começaram a trabalhar: “Foi interessante porque uma das coisas que começámos a trabalhar foi a chegada à área. Eu dizia-lhe: ‘Cristiano, tu tens faro pelo golo, mas não podes marcar apenas de fora da área. É dentro da área que podes fazer a diferença e ter maior impacto. É dentro da área que podes mostrar por que podes ser o melhor do Mundo'”.

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Carlos Queiroz disse ainda que “transição” na forma de jogar de Cristiano Ronaldo está na capacidade de o capitão da seleção ter menos bola e aparecer nos momentos decisivos:

Os jogadores afirmam-se com e sem bola e essa foi a transição do Cristiano. Não pode estar sempre ao piano, à guitarra, ao violino e à bateria. Porque ele é o maestro e tem de conduzir o coletivo com impacto, a fazer golos. O Messi nisso é como o Michael Jordan. O Jordan dominava nos ressaltos, nos pontos, nas assistências e a equipa trabalhava para ele. Isso não está ao alcance de todos, está apenas ao alcance dos que são o futebol. Cristiano, Messi, Eusébio e Pelé são o futebol!”

O treinador português também destacou a rivalidade entre Messi e Ronaldo: “Como treinador e pessoa do futebol entusiasma-me este rivalidade que temos entre Messi e Ronaldo. Comparo-os com [John] Lennon e [Paul] McCartney. Se um faz bem, o outro quer fazer melhor”.