Estamos em 2018, pode confirmar no seu calendário. E no ano em questão usar a data de nascimento como palavra-passe é o equivalente a usar pulseiras de missangas ou cabelo descolorado: nada aceitável. Porque os anos 90 já lá vão. E nessa altura, sim, o uso da password-aniversário compreendia-se: era o início da internet para a maioria dos mortais, estávamos todos a aprender a lidar com o monstro. As pulseiras de missangas e o cabelo descolorado também se aceitavam. Mas, em ambos os casos, ninguém sabe bem porquê.
Entretanto, o mundo mudou. A internet mudou. E a palavra-passe é o seu último reduto de proteção online. Convém dar-lhe a devida importância. Porque pode até achar que não tem segredos. Que ninguém o/a vai querer espiar as contas, roubar-lhe dados, praticar fraudes. Desengane-se, porém. Todos estamos/somos susceptíveis a um ataque. E para evitar aborrecimentos, convém sempre jogar pelo seguro.
Ora jogar pelo seguro, no que à internet diz respeito, passa muito por ter uma palavra-passe segura, aplicável aos diversos sites que usa com mais frequência. Uma palavra-passe que algoritmos e hackers habilidosos não consigam descodificar nem roubar facilmente. Como fazê-lo? Fácil, siga estes conselhos.
Não poupe no tamanho. Nem na variedade
Felizmente, isto de criar passwords não é uma atividade paga ao caractere, como escrever anúncios em páginas de classificados. Assim, opte sempre por uma combinação que contenha, no mínimo, 12 caracteres e que inclua números, letras maiúsculas, minúsculas, símbolos e até, se possível, espaços.
Não use dados pessoais
Idealmente, uma password não deve conter quaisquer referências a dados pessoais — lá está, a famosa data de aniversário — nem a outros nomes que possam estar relacionados com o seu titular: isto inclui, por exemplo, nomes de filhos, cônjuges, animais de estimação, artistas ou clubes favoritos. Sim, “oBenf1caÉcampeã0” é uma péssima palavra-passe.
Nem sequências óbvias
Já agora: se a data de nascimento é uma péssima palavra-passe, sequências como “123456”, “987654321”, “abcdefghi” ou “asdfgh” são piores ainda. Usar “password” como password também não é aceitável, ok?
Dê asas à imaginação, junte palavras aleatórias
Outra opção recomendável é juntar palavras aleatórias, que não façam grande sentido juntas. Ou seja, em vez de usar uma frase de um filme, de um livro ou o seu provérbio favorito, olhe à sua volta e veja que objetos podem dar uma frase. Por exemplo: “Plantei uma mochila dentro de um ananás” em vez de “ó Evaristo tens cá disto?”
Não use sempre a mesma palavra-passe
Por muito segura que seja a nova password que criou — ou vai criar, depois de ler este artigo — evite usá-la tal e qual, ipsis verbis, para entrar em todas as suas contas de email, redes sociais, bancos, fóruns, lojas e por aí adiante. Porque há sempre o risco de alguém conseguir entrar na base de dados de uma grande empresa, como já aconteceu com Yahoo, Adobe ou LinkedIn. Introduza variações, pense em palavras diferentes, não facilite.
Teste a sua palavra-passe
Em sites como este (https://howsecureismypassword.net/) é possível avaliar a robustez de uma palavra-passe. Por exemplo, “deimeiavoltaaobilharpequeno” demoraria 127 quintiliões de anos a ser descodificada por um computador. Nada mau, hein?
Use um gestor de palavras-passe
Os chamados “password managers” — como o Last Pass ou o Dashlane — são aliados eficazes nesta luta. Não só criam palavras-passe únicas e complexas como as armazenam. Mas mesmo nesse caso será necessário criar uma password-mestra que sirva para desbloquear todas as outras. Daí estes conselhos não perderem a utilidade.
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