O presidente do Banco Central Europeu (BCE) elogiou esta quarta-feira o acordo entre a França e a Alemanha para o aprofundamento da União Económica e Monetária, dizendo que este é um passo importante porque, apesar de o documento ser vago, materializa uma base de trabalho a partir da qual o processo pode finalmente começar a avançar.

Depois de um ano a cortejar Angela Merkel para o aprofundamento da União, a do euro e a franco-alemã, Emmanuel Macron finalmente teve uma resposta. Talvez não em todos os pontos que gostaria, mas uma resposta positiva às suas intenções.

Na terça-feira, França e Alemanha emitiram uma declaração conjunta assinada pelos líderes dos seus respetivos governos com as orientações dos dois países para o caminho que esperam que venha a ser o futuro da União Europeia. Entre os oito temas, está o aprofundamento da União Económica e Monetária, que a Comissão Europeia também já tinha proposta e sobre o qual esperava uma resposta até setembro do ano passado.

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Mario Draghi, que esteve em Sintra para mais uma edição do Fórum do BCE a que preside, elogiou a posição conjunta, mais pela sua existência do que pelo conteúdo, mas considerou-a importante para que finalmente o processo possa avançar.

O documento conjunto da França e da Alemanha é bem-vindo, porque é um passo importante nesta direção e é um passo importante também pela conjuntura política muito importante em que este documento foi produzido”, disse o líder do BCE.

Draghi explicou que a importância deste documento em relação às restantes propostas que já tinham sido avançadas não é tanto pelo conteúdo, mas por quem o produz. Até agora, as propostas que tinham sido feitas neste sentido foram-no pela Comissão Europeia, ou através do relatório dos cinco presidentes (da Comissão Europeia, do BCE, do Eurogrupo, do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu), mas “nunca pelos governos, em especial os das duas maiores economias do euro.

“O mais importante, na minha opinião, é que depois de discutir durante tanto tempo o aprofundamento da união monetária, agora temos finalmente algo com que trabalhar, e esse algo não surge dos cinco presidentes ou de indivíduos, mas vem de governos, dos governos francês e alemão”, disse.

Na declaração de Messberg, conhecida na terça-feira, Alemanha e França comprometem-se a trabalhar em conjunto para fazer avançar a União Europeia e a zona euro em oito áreas diferentes. No que diz respeito ao euro, os dois líderes apoiam a ideia de criar um orçamento para a zona euro e dos primeiros passos para um verdadeiro Fundo Monetário Europeu, uma ideia com várias décadas, mas que deve vir a ter expressão através do Mecanismo Europeu de Estabilidade, o fundo de resgate do euro.